Língua japonesa atrai interesse de juizforanos Tempo de aprendizado depende da dedicação de cada aluno. Curso é procurado por atletas, estudantes e por causa da proximidade com a cultura oriental
Repórter
24/06/2008
Há cerca de três meses estudando japonês, Cíntia Suzuki diz que as dificuldades em
aprender a língua são grandes. Ela cursa engenharia elétrica e começou o curso de japonês
por causa da profissão. "Acho que saber esta língua vai me ajudar profissionalmente"
.
A vontade de ir ao Japão é somente para conhecer a cultura e aprimorar a língua.
Morar no Japão não faz parte dos seus planos. Antes de se formar na faculdade, ela pretende
fazer um intercâmbio de três meses. "Não fico mais tempo para não atrasar minha
formatura aqui"
.
A atleta Lais Lery
também estuda a língua e diz ter algumas dificuldades.
"São muitos ideogramas e eles se juntam para formar outros"
, diz, confessando que
já deve ter decorado cerca de 20 deles.
No primeiro contato com a língua ficou assustada. "O professor começou a falar tudo em japonês e eu não entendi
nada"
.
Como é atleta de karate, Lais decidiu estudar por causa da proximidade entre a língua e
o esporte. Com cerca de oito meses estudando, ela conta que quando participou de um curso
de karate com um japonês entendeu o que ele dizia. "Só pelo que já aprendi sobre
a construção de frases e com o que sei de karate, entendi muita coisa"
, diz.
O professor Marcelo Borges Vieira diz que as dificuldades são normais e tranqüliza as alunas dizendo que estão respondendo bem às aulas. Ele trabalha com a divulgação da língua e da cultura japonesa há 25 anos e confessa que o primeiro contato traz impacto.






Segundo ele, a maior dificuldade acontece por causa da escrita, já que são três formas: Kanji (ilustrações acima), Katakana (foto abaixo à esquerda) e Hiragana (foto abaixo à direita). O Kanji corresponde à forma ideográfica. Os ideogramas foram criados por um monge chinês, a partir de observações da natureza, para representar coisas ou ações. Além de os ideogramas representarem as coisas, eles podem ser usados em conjunto para representar outras coisas ou ações.
O Katakana foi criado para identificar os estrangeirismos que começaram a entrar no Japão a partir do desenvolvimento da língua japonesa e da proximidade do país com o comércio internacional. Dessa forma, todas as palavras estrangeiras são escritas com o Katakana. A diferença dessa forma de escrita para as outras é que esta se trata de um silabário. Ao invés de haver consoantes e vogais para formar as palavras, esta é uma tabela de sílabas.


O Hiragana é composto por estruturas que precisavam de flexão, como verbos e partículas que indicam função sintática. Além disso, esta forma de escrita simplificou o Kanji, que passou de cerca de 50 mil ideogramas para cerca de dois mil, usados constantemente pelos japoneses. A simplificação do Kanji recebe o nome de Joyo Kanji. Os japoneses que se formam no segundo grau devem ter este conhecimento.
Com tantos ideogramas, Marcelo confessa que há uma dificuldade na aprendizagem, já
que eles devem ser memorizados. "Porém, depois ele se torna um aliado seu, já que ele ajuda
a visualizar de que se trata o tema"
. Ao contrário do que muitos pensam, somente
o Katakana e o Hiragana não são suficientes para se falar o japonês.
"Não é só pegar as sílabas correspondentes para formar a palavra em português"
,
diz.
O professor exemplifica com a palavra 'casa'. "Para falar 'casa' em japonês não é somente usar as
duas sílabas correspondentes do Katakana para formar a palavra, pois existe uma palavra
no japonês que corresponde a casa"
, explica.
Aprendizagem
O curso de japonês é dividido em básico, intermediário e avançado. O primeiro é composto por
seis volumes de material, o segundo e o terceiro por quatro cada um. Ao concluir o
básico, Marcelo garante que o aluno vai estar preparado para ter uma conversação
com assuntos mais simples do cotidiano. Além disso, ele pode fazer o teste de proeficiência de
nível três em japonês.
Quem concluir o intermediário pode conversar sobre assuntos mais técnicos, de áreas mais específicas da linguagem. Além disso, ele vai estar preparado para o teste de nível dois. O aluno que quer ir estudar no Japão, fazer vestibular ou seguir a carreira acadêmica precisa se formar no nível avançado, estando preparado para fazer o teste no nível um de proeficiência.
Marcelo diz que não existe um tempo certo para finalizar todo o curso. "Tudo depende
da dedicação de cada aluno. Os que estudam em casa avançam com mais facilidade"
.
O ritmo da aula também acontece de acordo com cada aluno. "Não existe a obrigatoriedade
de estudar um volume em seis meses, por exemplo"
, diz Marcelo. Os grupos também são reduzidos,
o que possibilita dar atenção individualizada a cada aluno.
Nas aulas, os alunos aprendem a conversar, escrever e ler em japonês. O professor
garante que a conversação não é difícil, já que a pronúncia das palavras é simples.
"Os sons são reproduzidos facilmente no português. Além disso, não há muita variação sonora,
embora tenha sua musicalidade"
.
Para estimular a aprendizagem, Marcelo empresta livros, filmes e músicas aos alunos, pois em Juiz de Fora não há facilidade para eles encontrarem estes materiais, abundantes em São Paulo.
Atualmente, são cerca de 40 alunos aprendendo japonês com Marcelo, número considerado grande. Segundo ele, o gosto pelas músicas e desenhos japoneses, o esporte e a proximidade com a cultura japonesa, proporcionada pela internet, e o intercâmbio oferecido pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) ao Japão fazem com que os jovens queiram aprender a língua.