Coluna de João Luiz Freitas Milagres

Por

Futebol, um espet?culo de f?!

Jo?o Luiz Freitas Milagres 15/07/06
Convidado

Diz um certo clich? popular que futebol e religi?o s?o assuntos que n?o merecem discuss?o. E tal afirma??o ? verdadeira, j? que para o brasileiro as duas palavras caminham juntas, s?o sin?nimas. Seja no est?dio, na igreja, no templo ou pela televis?o; independente de seguir este ou aquele caminho; l? est? o brasileiro seguindo suas grandes paix?es.

O brasileiro ? um povo que anda sempre em condi?es adversas. Quando n?o torce para ganhar o pr?mio na loteria, reza para a situa??o melhorar e tocar a vida para frente, ou seria o contr?rio? O bom crist?o paga o d?zimo e ajuda no crescimento de sua comunidade. Torcedor fiel paga a passagem do ?nibus, o ingresso do jogo e o lanchinho do intervalo; mesmo que ele tenha de economizar a semana inteira. A lei que vigora desde os tempos de Cabral e que foi reformulada por Charles M?ller diz que aquele que n?o possui f? e n?o entende de futebol, tem seus dias contados na terra do pau-brasil. Radical para uns, suave para outros, o fato ? que essa afirma??o carrega um fundo de verdade consigo.

N?o h? coisa pior que o sentimento da derrota. Perder uma final de Copa do Mundo, como aquela vencida pelos franceses em 98, ? t?o grave e deprimente quanto perder algu?m que queira muito - um ente querido por exemplo. O abalo ? t?o forte que pode levar anos para se recuperar do trauma, no caso do futebol, s?o necess?rios quatro anos ou mais. Para muitos brasileiros, Zidane foi o tio chato que guardou por um bom tempo o brinquedo mais amado, o carrasco que lesou o pa?s de seu grande sonho.

Apesar de tanta paix?o, o futebol ainda n?o possui seus grandes m?rtires, mas possui ?cones... ?dolos capazes de encher de alegria o cora??o do pr?ximo, sem ferir os princ?pios crist?os. Pel?, Zico, Garrincha, Ronaldo... S?o tantos os deuses do talento e da capacidade de reunir milhares de pessoas em torno de um mesmo espet?culo: o drible, o passe, o gol.

No futebol, operar um milagre tamb?m ? uma d?diva, um fen?meno que s? acontece com muita torcida e com muita f?. Se n?o fosse esse algo mais que pouco sabemos de onde vem, se da for?a divina ou da f? do torcedor, muita coisa poderia ser diferente e at? mesmo n?o teria acontecido. Quem n?o se lembra do Santo Ant?nio que sempre acompanha Zagallo? Sem ele, talvez Baggio n?o perderia aquele p?nalti e n?o ser?amos tetra. Por outro lado, a convuls?o de Ronaldo em 98, seria um sinal demonstrando que n?o era hora do penta. Ele viria com Felip?o, t?cnico no t?tulo de 2002 e grande devoto de Nossa Senhora do Caravaggio.

N?o importa o lado, n?o importa para onde caminha a "f? do torcedor" ou talvez, o "torcedor de f?". At? aqueles que aparentemente n?o acreditam em nada, incr?dulos de religi?o ou de clube, sentem a emo??o de ver a sele??o canarinho jogar e se juntam aos milh?es e clamam o coro de que "Deus ? brasileiro" e que a "Ta?a do Mundo ? Nossa".