Com o mercado aquecido, cresce a procura pelo personal trainer

A profissão é a preferida daqueles que não gostam de ir às academias ou optam pelo acompanhamento pessoal ao longo do treinamento físico

Nathália Carvalho
Repórter
1/9/2012
Personal trainer

Viver com um estilo de vida saudável, equilibrando alimentação balanceada com a prática de exercícios físicos traz benefícios à saúde, mas pode requerer alguns custos, fonte de renda básica para os profissionais da área da educação física. São as pessoas gabaritadas para orientação, execução e supervisionamento da atividade corporal e, para quem ainda prefere uma atenção mais específica, existe também a figura do personal trainer, treinadores que trabalham com os alunos de forma particular, que pode ser individual ou em pequenos grupos.

Nas academias de ginástica existem os profissionais de educação física contratados para supervisionar os clientes na prática da atividade física diária, mas o caso do personal André Reis, por exemplo, encaixa-se na atuação com o grupo de pessoas que procuram um profissional exclusivo nesses ambientes. Reis já trabalha no ramo há quatro anos e possui horários flexíveis para atender a uma média de dez alunos por semana. "Só atendo individualmente e tenho alunos que vão à academia só porque têm esse incentivo diário", explica.

Segundo o personal, os treinamentos variam de dois a cinco dias por semana, mas ele garante que para ter um bom resultado, "o ideal é ir, no mínimo, três vezes na academia, semanalmente". Ele ainda comenta que existem casos em que o aluno prefere ser atendido fora da academia, como em praças, clubes e áreas de lazer ao ar livre. "Cheguei a ter alunos que me contratavam apenas para correr junto com eles, aferindo frequência cardíaca e monitorando a prática", conta.

Já a personal Fabiana Cherem, há cinco anos no ramo, costuma trabalhar com um público mais específico e que acaba exigindo um atendimento domiciliar. "Na grande maioria, supervisiono pessoas da terceira idade ou outras que estão passando por um processo de reabilitação. Montamos uma estrutura na casa da pessoa para realizar um atendimento mais tranquilo e cômodo para elas", conta. Já quando o trabalho é com jovens, Fabiana comenta que alguns preferem ir para as academias. "Alguns estabelecimentos cobram uma taxa para você trabalhar lá dentro, mas aqui em Juiz de Fora, a maioria libera porque sabe que estamos levando o aluno para o local."

Atendimento em clínicas

Além dos atendimentos individuais, outra forma de atuação do personal trainer é o trabalho oferecido em um espaço do próprio profissional. Atuando na área há treze anos, a personal Roberta Dias Ribeiro possui uma clínica onde recebe seus alunos, divididos em pequenos grupos. "É um local menor, onde temos alguns aparelhos e todos os utensílios básicos para uma boa prática. O atendimento costuma ser por grupos de duas ou três pessoas, que acaba ficando mais barato, sem prejudicar a orientação", explica.

Segundo Roberta, o preço cobrado atende à média do mercado na cidade, mas é dividido pelo número de pessoas que estão na aula. "O fato de ter outras duas pessoas ao mesmo tempo não prejudica o atendimento. Enquanto um está fazendo aeróbico, por exemplo, vou acompanhando outra atividade." Ela comenta que a procura pelo profissional está cada vez maior e que ela já chegou a ter mais de 50 clientes ao mesmo tempo. "Muitas pessoas têm vergonha de frequentar academias, outras que não gostam de ambientes muito cheios, de ter que ficar esperando para usar um aparelho e ainda aqueles que tiveram uma lesão por falta de orientação e não querem voltar. Além disso, existe o desânimo, que não deixa com que muitos realizem atividades físicas. O personal oferece uma atenção maior, um incentivo e ainda corrige em tempo integral", comenta.

Formação profissional

O curso de Educação Física tem duração média de quatro anos e tem como objetivo formar profissionais que atuem na prestação de serviços da área de atividades físicas e desportivas, fazendo prescrição e orientação de sessões de ginástica, lutas, danças, jogos, esportes e ainda auxiliando no atendimento médico de pessoas com algum tipo de deficiência. Além de professor, o profissional pode desenvolver as atividades de administrador em clubes, preparador físico, técnico esportivo, pesquisador, entre outros. Para exercer a profissão é obrigatório o registro no respectivo conselho (Confef/Crefs) e para lecionar é necessário o diploma de licenciatura.

De acordo com o professor da Faculdade de Educação Física (Faefid) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Jeferson Viana, a atuação como personal trainer depende do interesse de cada aluno ao longo da graduação. Ele oferece uma disciplina específica para a área no curso, mas acredita que a experiência e as especializações são fundamentais para quem quer atuar na área. "Existem algumas matérias que auxiliam especificamente para a prática, mas nem sempre são obrigatórias na grade. Além da prática em si, elas oferecem noções de marketing, tendências e perspectivas de mercado e, ainda, lições sobre como quantificar a carga de um treino, em um planejamento a médio e longo prazo, por exemplo", explica.

Depois de formar, Viana acredita que os cursos específicos são extremamente importantes para quem quer atuar como personal, principalmente devido à exigência do mercado. "É interessante que os formados façam especializações, que acabam ajudando na formação do aluno. Muitas vezes, eles ficam preocupados com notas durante a graduação e acabam não aproveitando tão bem as noções da prática. Aí, quando entram no mercado, vão perceber as carências."

Mercado de trabalho

Segundo dados da International Health, Racquet & Sportsclub Association, entidade internacional que cuida do setor, o número de academias duplicou no Brasil entre 2007 e 2010 e, atualmente, são mais de 17 mil estabelecimentos. Para Viana, o mercado está aquecido devido à grande procura das pessoas pela prática saudável e, cada vez mais, o personal está sendo procurado. "Este mercado está em constante crescimento e continuará a se expandir à medida em que as pessoas perceberem a importância do exercício físico", comenta.

Segundo ele, Juiz de Fora ainda não oferece boas opções de locais para que as pessoas se exercitem, como praças e pistas, e por isso as academias continuam a crescer. "Na UFJF, temos uma boa estrutura e percebemos, ao longo do dia, uma grande movimentação de pessoas praticando corridas, caminhadas. E o mercado cresce quando existem essas oportunidades, que ainda carece na cidade."

Os profissionais entrevistados concordam com a afirmação, mas acreditam que ainda exista uma grande desvalorização financeira no setor. "As pessoas não têm consciência da importância de ter um professor assessorando o tempo todo e como essa exclusividade é fundamental", comenta Reis. Roberta também acredita que falta valorização, mas que o personal trainer ainda está sendo mais bem remunerado que os instrutores das academias. "Existe uma diferença muito grande de valor da hora entre ambos e, como o mercado está crescendo, está na hora de valorizar", completa.

Os textos são revisados por Mariana Benicá

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