Instalação de detector de metais em entradas de escolas é criticada durante audiência pública

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Quinta-feira, 20 de outubro de 2011, atualizada às 18h55

Instalação de detector de metais em entradas de escolas é criticada durante audiência pública

Aline Furtado
Repórter

O projeto de lei de autoria do vereador Luiz Carlos dos Santos (PTC), que sugere a instalação de detectores de metais na entrada de escolas, foi amplamente criticado durante audiência pública realizada na Câmara Municipal de Juiz de Fora (CMJF) nesta quinta-feira, 20 de outubro. O texto encontra-se em tramitação nas comissões do Legislativo.

"A possibilidade de implantação do equipamento deve ser vista como uma forma de suscitar a discussão a respeito da violência constante no ambiente onde está inserida a escola. Sabemos que apenas a instalação dos detectores de metais pode não surtir efeito, se encarada de modo isolado. Além disso, é preciso lidar com o constrangimento ao qual estariam sujeitos os estudantes", critica o próprio autor do projeto.

Santos destaca, ainda, a necessidade urgente de adoção de ações que garantam a segurança não só dos alunos, mas também dos professores e da comunidade. "É preciso verificar o entorno da escola, averiguar se há venda de bebidas alcoólicas para menores ou fácil acesso a jogos de azar." Para o coordenador geral do Sindicato dos Professores (Sinpro), Flávio Bitarello, os detectores de metais não terão relação direta com a prevenção da violência.

"Os problemas estão fora da escola, assim, a solução não é isolá-las. A implantação traria uma série de problemas. Um deles seria o fato de os alunos passarem por revistas diárias, o que causaria grande constrangimento." Para Bitarello, a solução estaria na interação entre a escola e a comunidade. "Não adianta cercar a área. É preciso cobrar ações de todos os atores envolvidos, como escola, comunidade, família, Polícia Militar [PM], Conselho Tutelar e Ministério Público."

A opinião do coordenador é apoiada pelo vereador Roberto Cupolillo (Betão - PT). "A instalação faria da escola um verdadeiro campo de concentração. Sugiro a retirada da matéria, por considerar absurda esta possibilidade. Defendo que a verba que seria destinada à compra dos novos equipamentos seja direcionada à assistência social na escola, a ações pedagógicas e a projetos para serem desenvolvidos na comunidade onde a instituição está inserida."

Para o sociólogo e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Orlando Lira, o projeto de lei deve ser visto como oportunidade de promover a discussão acerca das políticas públicas. "Nos Estados Unidos, onde crimes em escolas são muito mais recorrentes do que no Brasil, os detectores são implantados em áreas consideradas críticas devido ao alto índice de violência. Estes aparelhos não têm o poder de prevenir. Trata-se apenas de uma estratégia singular, que auxilia apenas momentaneamente."

Alto custo

O capitão do 2º Batalhão da Polícia Militar (BPM), Jovânio Guimarães, defende a integração da escola, da família e da PM, a fim de combater a violência. "Contudo, é preciso pensar no custo do projeto, já que são necessários vários detectores, a fim de conferir mais fluidez, além de uma pessoa para coordenar a entrada."

Os textos são revisados por Thaísa Hosken