A l?gica ingrata da bola
Um lado. Ela, a bola, est? com Guilherme, ali naquele espa?o que requer mais aten??o: esquina da grande ?rea, onde ? poss?vel vislumbrar a meta, praticamente sem impedimentos. O menino prod?gio do Cruzeiro est? mais sozinho que Robinson Cruso? em boa parte da vida. N?o era para estar. O nosso Sexta- Feira era para ser Lucas, expulso do gramado alguns minutos antes. Guilherme joga a pelota para a ?rea, em busca de um de camisa azul. Encontra. Algu?m golpeia a bola, que acerta a trave e volta para o espa?o mais perigoso que existe num campo de futebol: a pequena ?rea. Ali o goleiro ? rei, ? intoc?vel. Por?m, Marcelo Cruz, o nosso goleiro, abdica do trono, vive por segundos decisivos o papel de plebeu, de um ca?ador de borboletas - tamb?m uma nobre fun??o, mas n?o agora. Espinoza, o equatoriano violento como qualquer algoz sul- americano, empurra de canela para as redes.
O mesmo lado. O melhor time do momento no Brasil toca a bola, de l? para c?, de c? para l?, armando o bote. N?s j? n?o temos mais Lucas, que poderia interromper essa perigosa brincadeira. A pelota espirra como numa jogada de sinuca e sobra no p? de Marcelo Moreno, t?o vibrante como qualquer revolucion?rio sul-americano, que chuta fraco, mas colocado, para as redes.
O outro lado. Serginho, o nosso lateral-direito, tem a bola dominada. Demora uma eternidade para decidir o que fazer. Opta por Gedeon, posicionado ali naquele espa?o que requer mais aten??o (na esquina inversa onde Guilherme estava) e se encaminha para a grande ?rea. Recebe de volta e golpeia com a cabe?a a pelota em dire??o ? meta. F?bio, o goleiro cruzeirense, impede o gol dando um tapa na bola - o mesmo tapa que faltou a Marcelo Cruz e que ? comum em Luna, a minha adorada gata, quando ela brinca de empurrar bolinhas de papel e, em casos extremos, afasta carinhos em exagero.
Continuando neste lado. Hugo acaba de entrar no jogo e recebe ela, a bola, ? fei??o do p? esquerdo, o afiado, mas n?o chuta. Puxa para o p? direito e enfim arremata. F?bio se coloca em diagonal e impede que a pelota estufe as redes.
Por fim, ainda no lado bom das coisas. Gedeon tem a lhe aperrear o prazo que se esgota. N?o tem mais o que fazer sen?o, movido pelo desespero, pela derrota que bate ? porta, como o destino, chutar a gol. Toma essa atitude. O chute sai forte e ? poss?vel naquele d?cimo de segundo pensar nas condi?es do tempo. Chove. Uma chuvinha mi?da, serena, daquelas capazes de desviar a bola, que em conluio com o gramado molhado, engana o goleiro. N?o desta vez. Contrariando todas as probabilidades e o que estamos cansados de ver nos est?dios, F?bio ficou com o objeto mais ingrato do qual se tem not?cia: a bola.
Mas, apesar dos azares e de n?o termos sido, neste domingo de gl?ria, aben?oados pelos deuses e sob qualquer lado que se olhe: faltam quatro jogos e 27 dias para o Tupi ser campe?o mineiro.
Ailton Alves ? jornalista e cronista esportivo
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