Um goleiro novo e uma velha rivalidade

Ailton Alves Ailton Alves 9/2/2009

Arte mostrando dois galos frente-a-frente Alan Faria, o novo goleiro do Tupi, fez, no s?bado, apenas a sua quarta partida como titular do Galo. Esteve esse tempo todo cercado de desconfian?as. Sua estr?ia, na final da Ta?a Minas, quando 2008 j? estava indo embora, foi um pequeno desastre, com falhas nos dois gols do Am?rica - s? atenuados, os defeitos, porque, afinal, os carij?s foram campe?es do torneio. J? neste ano, na estr?ia do Campeonato Mineiro, em Coronel Fabriciano, contra o Social, Alan Faria nada fez sen?o colocar outra pulga atr?s da orelha dos torcedores.

Naquela semana, que era a que antecedia o jogo contra o Atl?tico, n?o se falou de outra coisa sen?o nessa suposta inseguran?a. Sabemos todos, os que acompanham o futebol, que goleiro ? um cargo de confian?a, n?o ? efetivo ou para concursados. ? uma escolha, pessoal ou do destino. Quando come?am a correr atr?s da bola os meninos decidem ser goleiros ou por uma estranha op??o, mais da vida do que do futebol, ou porque foi s? ali, debaixo das traves, que sobrou lugar.

N?o conhe?o Alan Faria e portanto n?o sei o que o levou a querer ser goleiro. O fato ? que a vis?o que t?nhamos, n?s os torcedores, dele mudou da ?gua para o vinho a partir do massacre atleticano no segundo tempo daquela j? citada partida. Ele foi, portanto, forjado no caos.

No s?bado, contra o Guarani, em Divin?polis, Alan Faria sacramentou essa posi??o. Enfrentou, com galhardia, outro bombardeio. Saiu-se muito bem e conseq?entemente ganhou a confian?a da torcida e dos companheiros. Era tamanha essa confian?a dos colegas de time que a impress?o que passou foi a de que os volantes carij?s diziam aos avantes do Guarani: "podem chutar que o Alan pega". E que os zagueiros de Santa Terezinha provocavam os advers?rios: "podem entrar cara a cara que o Alan evita o gol".

Se essa lua-de-mel entre Alan, o time e a torcida vai continuar n?o sabemos. O goleiro n?o sobrevive de juras de amor. Na primeira falha tudo desmorona. ? um ser maldito e est? condenado ? solid?o, no sucesso ou no fracasso.

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Guarani e Ponte Preta fizeram no domingo, em Campinas, o at? agora mais espetacular jogo do ano - incluindo a? todas as partidas de todos os estaduais e at? os confrontos da pr?-Libertadores. Bugre e Macaca est?o longe dos tempos de gl?rias, final da d?cada de 70 e in?cio dos anos 80, quando jogavam o mais vistoso futebol do pa?s e n?o possuem em suas fileiras nenhum grande craque (Amoroso, do Guarani, est? com 34 anos e Renato, da Ponte, nem jogou), mas ostentam aquilo que tanta falta faz nos dias de hoje: d?cadas de uma rivalidade real.

Os arautos da objetividade v?o dizer que n?o h? novidade aqui, j? que s?o tantos e tantos outros jogos que trazem em si essa rivalidade quase secular. V?o citar at? que no domingo mesmo Fluminense e Vasco e Inter e Gr?mio - para ficar em apenas dois exemplos - levaram a campo esse mesmo ingrediente. Ledo engano. Tricolores x vasca?nos n?o ? mais um cl?ssico da cidade do Rio, tantos s?o os olhos de todo o Brasil que o v?, e o Gre-Nal ? estadual (tanto que foi disputado no interior, em Erexim).

O que faz de Guarani e Ponte Preta um cl?ssico majestoso ? o poder de dividir uma cidade ao meio, e s? ser amado e festejado pelos que habitam o munic?pio. Esse antiprovincianismo ? o que conta. O que acontece no Brinco de Ouro da Princesa ou no Mois?s Lucarelli ? o que orgulha os campineiros. Nada pode ser mais importante que isso.

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Depois da vit?ria em Divin?polis, faltam 14 jogos e 83 dias para o Tupi ser campe?o mineiro.

Ailton Alves ? jornalista e cronista esportivo
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