A segunda vez a gente nunca esquece
A segunda vez a gente nunca esquece
A primeira vez tem um misto de afli??o e incredibilidade. A principal inten??o ? bater no peito e gritar o ?bvio: ? campe?o!!! Como se isso fosse uma senha de acesso a um grupo restrito e, mais importante, um rito de passagem de uma situa??o comum para uma extraordin?ria. Por?m, tal promo??o n?o se d? assim naturalmente, justamente porque demoramos a acreditar que tamanha fa?anha foi alcan?ada.
A segunda vez ? diferente. Tem um misto de serenidade e f?. Acho que esse neg?cio de "grito preso na garganta" ? puro clich?, pois a inten??o primeira ? justamente se recusar a agir como algu?m que nunca foi campe?o. A emo??o ? extremamente maior, por?m introspectiva. Uma sensa??o de superioridade, como se a gente acreditasse piamente que, sim, sabemos ganhar campeonatos e esse ? realmente o primeiro de uma s?rie. Em outras palavras: uma doce rotina.
Na primeira vez em que o Tupi foi campe?o de uma competi??o estadual - h? exatos sete anos, dois meses e 24 dias - tudo realmente era uma grande novidade. O Galo "mofava" na Segunda Divis?o de Minas e jovens n?o iam ao est?dio. ?ramos, os velhos torcedores e torcedores velhos, vistos como um bando de malucos e desaconselhados a todo o momento a "largar essa vida carij?" - em muitos aspectos semelhantes a uma "vida Severina": seca de t?tulos, e sofrida.
Se bem me lembro - e me lembro muito bem - o jogo final (contra um outro Am?rica, o de Alfenas) teve uma carga dram?tica espetacular, s? relaxada quando aquela bola cabeceada pelo atacante do Sul de Minas bateu na m?o do goleiro Paulo C?sar, na trave e caprichosamente regressou aos bra?os do arqueiro carij?. Depois desse lance, t?tulo conquistado, ta?a recebida, do alto da arquibancada o que se viu foram pequenos focos de torcedores, invasores do gramado, sem saber muito bem para onde correr, o que fazer naquela primeira vez que fomos, de alguma forma, os melhores de Minas.
Na segunda vez em que o Galo foi campe?o das Gerais - no s?bado, 22 de novembro do Ano da Gra?a de 2008 - havia no meio do caminho um outro Am?rica, j? batido inapelavelmente em Belo Horizonte (foi l?, na capital de todos os mineiros que efetivamente ganhamos o campeonato). Houve dramaticidade sim, mas nada que aquele gol de L?o Salino n?o pudesse atenuar.
Contudo, o que fica desse t?tulo ? a vis?o do alto, p?s-partida. Dessa vez, a arquibancada que invadiu o gramado, turba euf?rica e ordeira, sabia exatamente o que fazer: levar nos ombros Welington Fajardo e os her?is da bola, e dar a volta ol?mpica, exibindo o trof?u.
Mas isso ainda n?o ? tudo. O que marca esse novo t?tulo carij? ? a maci?a presen?a de jovens, substituindo de vez a n?s, os velhos torcedores e os torcedores velhos.
Que sejam bem-vindos. S? os jovens, quando jovens, s?o felizes. E s? eles nos garantem a esperan?a de que dias ainda melhores vir?o.
Ah! Ia me esquecendo: o Tupi perdeu o jogo por 2 a 1. Perdeu? N?o perdemos nada. Achamos, para sempre, o rumo da Gl?ria.
Ailton Alves ? jornalista e cronista esportivo
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