E-mails ou cartas? O que voc? prefere? Mesmo com e-mails e facilidades da internet romantismo
das cartas ainda encontra seus adeptos

Thiago Werneck
Colabora??o
30/07/2007

E-mail ou carta*? Ser? que as pessoas ainda preferem escrever no papel suas hist?rias e sentimentos ou o e-mail j? tomou de vez esse espa?o? N?meros concretos n?o existem, mas cada um tem suas vantagens e dificilmente voc? v? algu?m falando que recebeu uma carta, j? o e-mail...

A t?cnica em inform?tica Gisele de F?tima vai freq?entemente aos Correios, mas nunca recebeu ou mandou uma carta pessoal. "Estou aqui para enviar correspond?ncias do meu trabalho, mas pessoalmente s? uso a internet. ? mais r?pido, mais pr?tico. Para mim n?o h? necessidade da carta", avalia.

Mas para a tecel?, Ana Paula Alves (foto abaixo) acontece justamente o contr?rio. "Eu quero minha privacidade, por isso, uso s? os Correios, chego a mandar dez cartas mensalmente", relata.

Foto do Professor Paulo Roberto Ana Paula pode ser uma exce??o, mas como revela o professor de comunica??o da UFJF, Paulo Roberto Figueira Leal, cada meio tem suas vantagens. "Adoto o pressuposto de McLuhan para os meios de comunica??o: mesmo com o mesmo texto e mesmas palavras, o meio pelo qual a pessoa recebe a mensagem influencia de forma decisiva o recado final", observa. Ou seja, as mesmas frases via carta, e-mail, r?dio, TV, por telefone, em cada um desses canais, h? um significante diferente no destino final.

Para exemplificar, o professor explica que a carta desperta mais sentidos. "Ela ? mais sensorial: pode ser tocada, ter um cheiro especial, n?o ? s? texto e pronto. Ela envolve mais est?mulos. Mas nem por isso ela deixa o e-mail de lado. Ambos t?m vantagens e desvantagens", avalia.

O destaque para o e-mail fica na velocidade e praticidade de envio. Paulo Roberto lembra que a tecnologia da internet possibilita uma comunica??o mais flutuante. "A pessoa pode ser ao mesmo tempo emissor e receptor. Na mesma hora que recebe o e-mail, j? pode encaminh?-lo ou respond?-lo de forma ligeira", refor?a.

Os Correios

Segundo o gerente regional dos Correios, Jos? S?rgio Sacramento (foto abaixo), a carta manuscrita de cunho pessoal ainda tem seu espa?o entre os brasileiros. "Esse servi?o ainda ? utilizado pelo romantismo e por pessoas que gostam de manter a tradi??o e por isso sobrevive aos avan?os tecnol?gicos", avalia.

Foto do Professor Paulo Roberto Para as cartas de conte?do pessoal e que n?o podem cair em m?os erradas, os Correios oferecem servi?os que garantem a privacidade ao remetente. Pagando uma taxa de registro ele tem direito a acompanhar todos os tr?mites pelos quais passaram sua correspond?ncia. Servi?os de entrega em m?os pr?prias e comprovante de recebimento ficam dispon?veis e garantem o sigilo.

O n?mero de cartas de cunho pessoal enviados no pa?s e em Juiz de Fora n?o s?o contabilizados (confira o motivo no v?deo). Mas a maior parte das correspond?ncias recebidas na cidade, em 2006, foram mais de 50 milh?es, s?o de envio de contas, faturas, boletos banc?rios, entre outros. J? as cartas que sa?ram da cidade no ?ltimo ano foram mais de oito milh?es.

Se o n?mero de envios de cartas de cunho pessoal diminuiu por causa da internet, essa n?o ? uma tecnologia que preocupa os Correios. Muito pelo contr?rio: nos ?ltimos 12 anos as entregas de malotes, cartas, impressos e sedex dobraram. "O n?mero de mercadorias vendidas pela internet aumenta a cada dia. O n?mero de negocia?es cresce cada vez mais e n?s somos a ?nica empresa que atinge todas as cidade do pa?s.", afirma Sacramento.

Coloquei uma carta...

Mas j? pensou em uma m?sica rom?ntica que enaltece uma mensagem por e-mail? Mas quando falamos em carta isso muda. Can?es de Erasmo e Roberto Carlos (A carta) e tamb?m do grupo LS Jack (Uma carta) s?o exemplos de como essa ferramenta de comunica??o ? carregada de sentimentos. "Sem d?vida a carta tem um maior status afetivo e isto que nunca ser? alcan?ado pelo e-mail", refor?a Paulo Roberto.

Foto do Professor Paulo Roberto Em busca desse afeto ? que o casal de estudantes, L?via Braz e F?bio Nora, se comunicaram por cartas durante oito meses.

Programas de bate-papo na internet e e-mails tamb?m foram utilizados para conversas, mas nada que matasse a saudade como a carta. "Nessa hora eu pensava s? nele. Era um tempo que eu dedicava para escrever hist?rias e meus sentimentos por ele muito mais pessoal. E, al?m disso, d? para guardar", conta L?via.

O contato atrav?s das cartas aconteceu quando eles ficaram separados pela dist?ncia, durante o tempo em que L?via morou na Fran?a. Uma letra bonita, papel caprichado e um pouco de perfume na carta tornavam os dois mais pr?ximos atrav?s das correspond?ncias.

"Quando recebia, me sentia mais especial para ele. E acredito que o mesmo acontecia com ele. Pela internet voc? j? est? falando com um monte de gente, n?o tem tempo dedicado s? para pensar na outra pessoa", destaca a estudante.

*Thiago Werneck ? estudante de jornalismo da UFJF

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