Maternidade na adolescência Ser mãe é uma responsabilidade enorme para mulher,
imagine quando se é adolescente

Renata Solano
*Colaboração
18/04/2008

Com 15 anos de idade algumas pessoas ainda pensam em brincar de boneca ou de pique, mas outras pessoas já sentem os hormônios pipocarem e a sexualidade aflorar. E é nesse período que os adolescentes percebem as transformações do corpo e da mentalidade.

Alguns recriminariam uma menina que nessa idade aparecesse grávida. Diriam que é irresponsabilidade e que é imoral. Por outro lado, há aqueles que entendem a necessidade de compreensão e apoio que estas moças precisam em um momento como este. Ser mãe adolescente não é considerado normal na sociedade atual, ainda mais quando a mãe é solteira.

Jacqueline de Souza Andrade (foto), por medo da reação dos pais, escondeu a gravidez, aos 15 anos, enquanto pode. "Eu não contei para ninguém, mas minha mãe percebeu quando a barriga começou a crescer. Então, não tinha mais o que fazer, ela me deu apoio e a família do meu pai também. Eu levava as coisas muito na brincadeira naquela época, não tinha responsabilidade com a gravidez e nem mesmo preocupação com as coisas do bebê", afirma.

Hoje, com 25 anos e recém mãe de seu terceiro filho, Everson, ela acredita que está mais responsável e mais consciente. "A Kerolayne tem quase dez anos e a minha maior preocupação é mostrar para ela os caminhos certos e ter um diálogo bem forte sobre a gravidez na adolescência. Me preocupo muito para que ela não passe pelo o que eu passei, pois a gente perde a juventude, larga os estudos e tem que correr atrás disso depois, o que é ainda mais difícil", lamenta.

A jovem comenta que na sua última gravidez foi mais presente e interessada. "Eu fazia os exames mais consciente da importância de cada um deles, eu quis participar do enxoval do bebê de forma mais ativa. Sei que ter sido mãe jovem não foi a melhor coisa na vida, mas hoje tenho meus filhos comigo e os amo. Acho e espero que a pouca diferença de idade entre a gente possa ajudar em relação à confiança e ao diálogo. Percebo que eles me respeitam muito e espero que continuem assim quando crescerem mais", comenta.

Foto de presentes do bebê Foto de Jackeline, Kerolayne, Gabriel e Everson Foto de berço do bebê

Sem ter casado com nenhum dos pais de seus filhos, Jacqueline comenta que a ajuda de sua mãe é muito importante para a criação dos filhos. "Moro com a minha mãe e ela sempre me ajuda a cuidar das crianças. Quando preciso trabalhar ou mesmo estudar ou sair, ela fica com eles e isso me ajuda muito, ainda mais por não ter a presença de uma figura paterna", conta.

Maternidade precoce

A gravidez de uma adolescente envolve muito mais do que questões físicas e biológicas, pois há também problemas emocionais, sociais, econômicos e outros. Uma jovem de 15 anos, por exemplo, nos dias de hoje, não está preparada para assumir a responsabilidade de cuidar de um bebê e de uma família.

Por isso, entramos em outra polêmica, o de mães solteiras. Por serem muito jovens, os rapazes e as moças não assumem um compromisso sério e, na maioria dos casos, quando surge a gravidez, um dos dois abandona a relação sem se importar com as conseqüências. Por isso o número de mães jovens e solteiras vem crescendo consideravelmente.

Para a psicóloga Ana Stuart o apoio funcional da família é muito importante para essa menina. "Seja do pai, da mãe ou mesmo dos avós ou tios. Essa adolescente precisa de um apoio para se sentir segura e não tomar decisões que vai se arrepender depois, como o aborto, por exemplo", afirma.


*Renata Solano é estudante de Comunicação Social na UFJF


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