Juiz-foranas relatam os desafios e as alegrias de ser mãe ainda na adolescência

Segundo especialista, ser mãe muito jovem costuma não ser saudável, mas acaba gerando um grande amadurecimento

Raphael Placido
Repórter
19/4/2013
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A maternidade, sonho de 9 entre 10 mulheres, nem sempre é planejada, chegando em um período em que a própria mãe ainda está amadurecendo: a adolescência. Não são raros os casos de jovens que, sem querer, acabam engravidando. Do medo inicial, passando pelo apoio familiar, até a realização como mãe, duas juiz-foranas contaram, nesse especial de Dia das Mães do Portal ACESSA.com, suas experiências e o desafio de, com tão pouca idade, criar um filho.

Mãe aos 18 anos, a publicitária Monaliza Belozi conta que os adolescentes costumam ter o mesmo pensamento: "isso não vai acontecer comigo", e que, a princípio, sua maior dificuldade foi contar aos pais que estava grávida. "Eu tinha a impressão de que os estava decepcionando. Mas, quando minha filha nasceu, foi o dia mais feliz da minha vida. Eu costumo dizer que foi minha maior loucura e minha maior bênção", diz. Sua filha hoje tem 15 anos, e a pouca diferença de idade aproxima ainda mais as duas. "Minha filha é minha amiga. É claro que há o papel de mãe; eu dou bronca quando é preciso, mas a gente se completa muito e somos grandes companheiras de cinema, por exemplo", afirma.

A assessora Karina Reis tem uma filha de 8 anos e um menino de 9 meses. Sua primogênita nasceu quando ela tinha 19 anos. Para ela, a primeira sensação é o medo. Receio da reação dos pais e de como criar a criança. "Ninguém planeja ter um filho antes da hora. É um susto muito grande quando você fica sabendo, porque sabe que vai interromper uma fase da vida. No início não foi fácil, mas hoje vejo muita coisa positiva: a liberdade de comunicação que temos e a forma como eu entendo o lado dela", conta.

Renúncia e amadurecimento

Segundo a psicóloga e professora Cássia Sartori, ser mãe muito jovem costuma não ser saudável, mas acaba gerando um grande amadurecimento. "Além de um corpo que ainda não está totalmente desenvolvido e de um psiquismo em formação, o adolescente passa por períodos de muita transformação. Ser mãe nessa fase implica em muita renúncia e, na maioria dos casos, a presença e o apoio dos avós são fundamentais. Afinal, como é possível cuidar de um ser tão indefeso enquanto ainda se precisa de cuidados?", questiona.

Para quem é mãe cedo, o amadurecimento precoce é inevitável. Monaliza, que havia recém terminado o 2º grau, se viu obrigada a parar de estudar. "Quando ela tinha seis meses, eu comecei a trabalhar, porque havia um ser que dependia de mim. Eu só voltei a estudar aos 26 anos. Mas eu costumo dizer que minha filha me tornou uma pessoa melhor. Ela me fez melhorar e buscar desafios. O amadurecimento veio com a responsabilidade", comenta. Karina tem uma visão semelhante: "ser mãe muito cedo amadurece a gente, por bem ou por mal. É preciso abrir mão de muita coisa, sendo necessário correr atrás para estudar e trabalhar em um momento que sua vida ainda não está consolidada", acrescenta.

Apoio familiar

Tanto para Monaliza quanto para Karina a ajuda dos pais e das amigas foi fundamental, já que, em ambos os casos, não houve participação ativa do pai na criação. "Hoje, eu conheço só uma pessoa que foi mãe na adolescência e é casada com o pai do filho. Isso é um complicador", afirma Karina. Como nem todas as meninas que engravidam têm a oportunidade de um suporte familiar, isso acaba acarretando no que a psicóloga Cássia Sartori chama de "problema de saúde pública"."É importante formar e informar os jovens quanto à sexualidade. Campanhas preventivas visando a adoção de métodos contraceptivos e a prevenção da gravidez precoce são fundamentais para diminuir a vulnerabilidade de muitas crianças que nascem em ambientes totalmente desestruturados", finaliza.

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