Rep?rter: Ana Maria Reis
09/01/2001
O conceito
Entende-se por nova fam?lia aquela que come?a ap?s um ou dois
relacionamentos desfeitos, levando para o novo lar, n?o somente o casal, mas
os filhos de um ou ambos. Os filhos por conviv?ncia s?o os do c?njuge. A
fal?ncia do modelo patriarcal trouxe mais di?logo para dentro de casa e,
conseq?entemente, atritos e opini?es diversas. Agora ? fato: irm?os por
conviv?ncia lutam pelo espa?o e aten??o dos novos pais. Resta saber uma
coisa: "- um relacionamento afetivo pode dar certo quando ? iniciado j? com
tamanha responsabilidade?"
Mais responsabilidade
A estudante e gerente de restaurante Luciana Lavorato, 26, n?o acredita na
fragilidade de uma rela??o que j? nas?a com filhos, o chamado "pacote". "Ao
contr?rio, ela chega forte o suficiente para dar certo porque voc? tem mais
responsabilidade", conclui ap?s dois casamentos desfeitos, o primeiro no
papel, com o pai de Tuira, hoje com 5 anos e, o segundo, com um ex-namorado,
o "tio Lu", assim apelidado por sua filha. No entanto, Luciana, que agora
est? solteira e morando nos Estados Unidos, sabe que encarar uma rela??o
como esta tem as suas dificuldades. "O mais dif?cil ? sempre o come?o. Depois
que voc? se adapta, faz as coisas ficarem do seu jeito, ? super positivo
mudar e crescer junto com seus filhos", atesta.
A partir de suas experi?ncias, Luciana Lavorato parece acreditar, sim, no sentimento, mas, muito menos no compromisso. "N?o acredito em casamento pra sempre. Ao meu ver, voc? casa todos os dias com a mesma pessoa, tendo que fazer todos os dias parecerem o ?ltimo da sua vida. N?o adianta ficar vivendo com algu?m n?o estando feliz, porque tudo e todos a sua volta, em especial os filhos, n?o estar?o felizes tamb?m", relata.
A mulher da minha vida tem filhos com outro
O professor M., 36, vive h? 2 anos a mais emocionante hist?ria de amor da
sua vida. Conheceu a restauradora L., 39, m?e de duas meninas de 10 e 8 anos
e n?o pensou duas vezes em pedir-lhe em casamento. Ela recusou, mas
continuaram a sair juntos, fazer viagens e at? planos para o futuro. Ap?s
meses de querela, M. colocou L. na parede, com o apoio das enteadas e do
filho adolescente, fruto do primeiro casamento. Resultado: casaram-se.
"Pensei: ela ?, sem d?vidas, a pessoa que sempre quis. Forte, inteligente e sens?vel. A melhor m?e do mundo e a mulher mais instigante que j? conheci. Por isto tudo e muito mais, n?o poderia desperdi?ar a chance de ser feliz", derrete-se o professor que, para domar a grande fam?lia (duas filhas por conviv?ncia, o menino de 15 anos que resolveu morar com eles h? 1 ano e o meio-irm?o de todos estes que est? por vir) freq?entou in?meros consult?rios de psic?logos e terapeutas.
Ci?me dos filhos pode atrapalhar a harmonia da nova fam?lia?
Se, ao somar os filhos, voc? triplicou os problemas, chegou a hora de fazer
terapia familiar. Para a psic?loga Ana Stuart, a solu??o ? trabalhar sempre
a verdade, portanto, nada de querer empurrar guela abaixo da crian?a que a
nova fam?lia s? tem aspectos positivos. Al?m do ci?me do pai ou m?e, a
crian?a ver? seu espa?o e aten??o diminu?dos, caso ela tenha que conviver com
novos irm?os. Se o casal ? jovem e bem disposto, a tend?ncia ? que este
espa?o v? diminuindo gradativamente, com a chegada dos meio-irm?os e, por a?
vai... "Se a crian?a sente que est? criando desentendimento, pois o casal
briga constantemente na sua presen?a, ela tende a refor?ar seu comportamento
anti-social", comunica a terapeuta da linha Sist?mica, Ana Stuart.
Al?m de piv? das discuss?es,
crian?as e adolescentes s?o os que mais
sofrem
Em recente entrevista ? revista Veja, em 13 de dezembro de 2000, a
psicoterapeuta Judith S. Wallerstein, parece ter aborrecido um bocado os
profissionais da psiqu?. Segundo a estudiosa norte-americana de 78 anos,
"crian?as de pais separados sofrem mais de depress?o" (onde est?o as provas?),
al?m de acreditar na "uni?o a qualquer pre?o" em favor dos filhos.
A psicologia moderna entende a l?gica do sacrif?cio paterno em benef?cio dos filhos como uma heran?a cultural dos tempos em que a fam?lia, para sobreviver, deveria se defender mantendo-se, assim, como sustent?culo do sistema social. "O tempo agora ? outro. Sexo n?o quer dizer procria??o e homens n?o s?o os provedores ?nicos e diretos de seus lares. Crian?as sentem falta de fam?lia, com certeza, mas querem a harmonia acima de tudo", argumenta a terapeuta familiar Ana Stuart.
Para a psicanalista e sex?loga Regina Navarro Lins, que mant?m o site www.camanarede.com.br "? ineg?vel que muitas crian?as sofram com a separa??o dos pais, mas o que causa mais dor ? a culpa absorvida pelo casal ou a incompet?ncia destes em lidar com a nova situa??o".
De acordo com a psic?loga Ana Stuart, o sucesso da nova fam?lia depender? muito de como o casal lida com o seu passado, sem neg?-lo, mantendo uma rela??o saud?vel com os ex. Outro fator importante ? o grau de maturidade do novo companheiro, consciente de que ele n?o chegou para substituir e, sim, para acrescentar. "Ter uma nova fam?lia, um novo lar e outro para visitar no final de semana, dois pais, duas m?es, ene irm?os pode ser uma experi?ncia proveitosa para qualquer crian?a, se ela encontrar harmonia nestes relacionamentos, caso contr?rio, ficar? dividida", finaliza a terapeuta.
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