Professora estuda e faz palestras sobre o predom?nio do g?nero masculino na linguagem e diz que ? poss?vel mudar
S?lvia Zoche
Rep?rter
06/03/06
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Na frase "Todos os homens t?m direitos iguais" voc? v? algum tipo de discrimina??o? Alguns estudiosos da l?ngua dizem que sim e dizem que o correto ? dizer "Os seres humanos t?m direitos iguais".
O exemplo acima, para eles, mostra a predomin?ncia do g?nero masculino, resultando em uma linguagem preconceituosa. Segundo a professora, estudiosa e coordenadora do projeto de extens?o Programa de Mulher, Cl?udia Lahna (foto abaixo), isso ? cultural. "N?s pensamos, em geral, pela linguagem e a cultura e a l?ngua s?o machistas. Sou contr?ria ao sexismo na linguagem. Se voc? pensa e escreve assim, contribui para que a discrimina??o contra a mulher fique, cada vez mais, enraizada", diz.
Em vez de falar "os docentes estavam em reuni?o", por exemplo, a alternativa seria dizer ou escrever "os docentes e as docentes estavam em reuni?o". Ou ainda, alternar os g?neros em cada p?gina de texto, como fizeram as escritoras Maria Elena O. Assump??o e Maria Otilia Bocchini no livro Para escrever bem.
"Elas avisam que ora escrevem 'as redatoras', ora 'os redatores'. No Jornal de Estudo que coordenei por dois anos na Facom, a altern?ncia de g?nero era feita em cada par?grafo e avisamos aos leitores e ?s leitoras que parar?amos de nos referir a grupos mistos somente no masculino. Houve estranhamento no come?o, mas nunca recebemos e-mails ou cartas com reclama?es", conta.
O estudo sobre as rela?es de g?nero come?ou em 1997 na vida de Cl?udia e, atualmente, ela faz palestras em escolas n?o s? de Juiz de Fora, mas em cidades vizinhas, al?m de dar aulas na Faculdade de Comunica??o da UFJF.
"Algumas pessoas t?m mais facilidade em entender a id?ia, outros n?o. Fui corrigir a prova de uma aluna e ela escreveu 'os direitos do homem' e troquei por 'os direitos humanos'. Isso ? algo mais discutido agora, mas n?o ? novo. Paulo Freire escreveu um livro em 1978 em que citava 'o pesquisador e a pesquisadora' em vez de o 'pesquisador'. Eu acho que ele n?o fez isso ? toa. Ele foi uma pessoa que buscava a liberta??o", relata .
Ela cita tamb?m a escritora francesa Andr?e Michel que quis vencer o sexismo nos livros para crian?as e nos manuais escolares. "Ela mostra que nos livros escolares, at? mesmo nos desenhos, o menino ? aquele que faz a experi?ncia cient?fica e a menina s? assiste. O menino rema a canoa e a menina observa. ? preciso vencer isto", exemplifica.
No informativo em r?dio Programa de Mulher, a professora trabalha os textos sem a predomin?ncia do g?nero masculino. "Quero muito que homens e mulheres atuem sem preconceito em todas as ?reas. Almejo a mudan?a de atitude tamb?m das mulheres. Elas s?o criadas em uma cultura machista e como se o sexismo fosse algo natural", afirma.
Uma das alunas do projeto na r?dio, desde setembro de 2005, Iara Marques do Nascimento (foto ao lado), diz que ao passar releases para imprensa procura usar um termo geral para os grupos mistos ou colocar os dois g?neros. "Mas, muitas vezes, as pessoas cortam e modificam o texto, por considerarem um excesso. Antes da Cl?udia falar sobre o assunto, tamb?m n?o tinha parado pra pensar sobre o isso", comenta.
Nara Chaves Mour?o, estudante de Comunica??o Social, diz que a forma de falar ? natural e n?o saberia como se expressar de outro jeito. "Se voc? n?o tivesse me perguntado, n?o sei se teria pensado nisso", confessa. Para a estudante Lu?za Brandt Pinheiro da Silva ? poss?vel mudar este h?bito. "Acho que depende muito das mulheres".
Cl?udia ainda lembra que algumas palavras no feminino s?o pejorativas, inclusive no dicion?rio. Um exemplo ? o significado diferente para homem p?blico e mulher p?blica. O homem p?blico ? o indiv?duo que se consagra ? vida p?blica, ou seja, ? pol?tico. Mulher p?blica ? sin?nimo de meretriz, prostituta. "A l?ngua ? uma constru??o humana e pode ser mudada", finaliza.
Sua vers?o
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