Fernando Agra Fernando Agra 14/11/2008


Crise financeira: breve discuss?o - parte II

Ilustra??o: Laura Martins Ferreira. Ilustra??o de notas de dinheiro Uma recess?o na economia dos EUA faz com que aquele Pa?s compre menos do resto do mundo. Dado o peso consider?vel dos EUA na economia mundial, a diminui??o das importa?es deles faz com que empresas brasileiras, por exemplo, exportem menos para l?. Isso diminui o n?vel de atividades das empresas exportadoras aqui e no mundo todo. Ao vender menos, essas empresas ampliam o desemprego e faz a demanda interna de cada pa?s cair tamb?m. Por isso, a crise que come?ou no EUA, espalhou-se pelo mundo afora e aqui no Brasil, os efeitos j? s?o vis?veis.

Al?m Brasil, a Europa e a ?sia tamb?m foram atingidas. Muitas institui?es banc?rias europ?ias tinham adquiridos t?tulos relacionados ?s hipotecas americanas. No caso da China, uma recess?o nos EUA diminui tamb?m a demanda por produtos que os americanos importam dos chineses. E com isso, a China produzir? menos e demandar? menos commodities met?licas (mat?rias-primas homog?neas cotadas em Bolsas) do mundo. Aqui no Brasil, a Vale do Rio Doce j? diminuiu as vendas para China.

Com isso, especificamente em Juiz de Fora, j? se pode verificar v?rios vag?es de trens da MRS parados. Com isso, f?rias coletivas ser?o concedidas aos trabalhadores. E se a crise se agravar, o desemprego poder? ser uma realidade. Com aumento do desemprego aqui em juiz de Fora, o com?rcio vender? menos etc. O desenrolar desse ciclo vicioso todos j? conhecem. Esses s?o exemplos de como a crise financeira internacional pode atingir cada um de n?s.

Outra quest?o ? muitas empresas brasileiras s?o financiadas por cr?dito externo. Tais ficaram mais caros e isso tem dificultado as atividades dessas empresas. Com menos cr?ditos, os juros dos financiamentos j? est?o mais caros, bem como os prazos est?o menores, sobretudo para vendas de ve?culos automotivos e de im?veis. E se voc?, caro leitor, verificar seu extrato banc?rio, vai conferir que a taxa de juros do cheque especial j? est? mais alta. Com isso, muito cuidado com financiamento. S? vale a pena faz?-lo se for por extrema necessidade ou uma oportunidade muito boa para a compra.

Como o cr?dito ficou mais caro tamb?m para o setor imobili?rio brasileiro, conforme mencionado acima, espera-se que a alta de pre?os desenfreada observada recentemente seja controlada. E eu aconselho a quem pretende comprar um im?vel, seja financiado ou ? vista, espere mais um pouco, pois os pre?os subiram demasiadamente (bem antes da crise) e h? perspectivas de queda. Quem puder adiar a compra, poder? conseguir em breve, quando a crise passar, comprar um im?vel mais barato.

Visto todo esse cen?rio adverso no mundo, as autoridades t?m injetado bilh?es de US$ no sistema financeiro para ampliar a oferta de moedas. Para que, com isso se possam reduzir as taxas de juros e estimular o consumo de modo a reaquecer a demanda na economia e combater uma iminente recess?o. Mas vale ressaltar que o clima de confian?a dos agentes econ?micos precisa ser resgatado, pois do contr?rio, mesmo com juros mais baixos, a demanda n?o aquece de modo suficiente.

Essa ? uma situa??o que ficou conhecida na literatura econ?mica como Armadilha da Liquidez. Isso quer dizer que a sociedade absorve todo excesso de moedas e n?o responde com consumo mais alto. Isso ocorreu no Jap?o nos anos 90.

Tamanho s?o os problemas supracitados, que leva muitos agentes econ?micos a considerarem a pior crise desde a de 1929. Isso amplia a avers?o ao risco e estimula a fuga de aplica?es em Bolsas. O resultado ? a extrema volatilidade observada no mercado de capitais que tem derrubado cada vez mais as Bolsas. Em situa?es assim, podem surgir boas oportunidades de compra de a?es. Mas como n?o se sabe qual ? o fundo do po?o, as pessoas ficam com medo de comprar a?es que est?o baratas, pois elas podem cair mais ainda.

E o que agrava mais uma crise dessa natureza, al?m das expectativas desfavor?veis, s?o os resultados dos balan?os das empresas que ainda est?o por vir, sobretudo a partir do in?cio de 2009. Qualquer resultado ruim (que j? ? esperado e j? derrubou as Bolsas no presente) vai fazer com as Bolsas despenquem mais ainda. Espera-se que o novo presidente dos EUA, Barack Obama, possa restaurar a lideran?a da maior economia do mundo, perdida no governo Bush.

Apesar da enorme preocupa??o com atual crise financeira, o fil?sofo e economista Eduardo Gianetti observa um ponto positivo numa recess?o econ?mica: que ? a redu??o do consumo desenfreado dos recursos naturais. Para ele, pior do que a atual situa??o ? uma crise de recursos naturais. H? poucas semanas li num artigo na revista Veja algu?m destacar que bilh?es s?o destinados para salvar bancos, mas para combater a fome n?o h? tamanha mobiliza??o mundial.

E o que esperar da economia mundial em 2009? Muita incerteza, aumento do desemprego mundial, recess?o econ?mica e volatilidade nas Bolsas de Valores, que poder?o continuar a ser um ?vale da sombra da morte?, onde haver? ?muito choro e ranger de dentes?, com dizem algumas passagens b?blicas.


Fernando Ant?nio Agra Santos ? Economista pela UFAL (Universidade Federal de Alagoas), Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Vi?osa (UFV) e professor universit?rio das faculdades Vianna J?nior, Est?cio de S? e Universo e do curso de Forma??o Gerencial do Instituto Educacional Machado Sobrinho, sendo todas a institui?es em Juiz de Fora - MG.

Sobre quais temas (da ?rea de economia) voc? quer ler novos artigos nesta se??o? O economista Fernando Agra aguarda suas sugest?es no e-mail negocios_economia@acessa.com.




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