Fernando Agra Fernando Agra 13/1/2012

Inflação 2011/2010

Colaborou com este artigo Melquisedeque M. Fernandes, aluno de Economia das Faculdades Integradas Vianna Júnior.

IlustraçãoEis um tema que sempre ocupa a atenção da sociedade: inflação. Esse aumento contínuo e generalizado do nível de preços na economia começou o ano passado, com cuidados redobrados da equipe do governo, que aumentou a Selic nas primeiras reuniões de 2011. Alguns itens merecem um destaque abaixo.

Mesmo ao utilizar totalmente da margem de 2 pontos percentuais a mais no fechamento do IPCA (índice oficial de inflação em nosso país), o Banco Central comemora um resultado que o fortifica e o credibiliza perante o mercado e a sociedade. A variação do IPCA em 2011 fechou em 6,50%, o maior índice desde 2004 (7,60%), porém permaneceu pelo oitavo ano consecutivo dentro da meta (considerando a tolerância de 2 p.p. para mais ou para menos). Mas o Banco Central que permaneça atento, visto que este foi o segundo ano seguido em que a inflação apresentou mais próxima do limite superior ao invés do centro da meta.

De acordo com os resultados apresentados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em relação ao ano de 2010, o grupo que apresentou a maior variação foi o transporte, passou de 2,41% para 6,05% de aumento. Ao detalhar este item, tivemos, em destaque, os maiores aumentos nas passagens aéreas (3,17% para 52,91%), no etanol (4,36% para 15,75%) e no pedágio (-5,84% para 6,41%). Após convivermos com um transporte mais caro, outro grupo com grande variação foi o da habitação, passou dos 5,00% em 2010 para 6,75% de aumento em 2011. Este aumento, foi ocasionado principalmente pelo aluguel residencial, que fechou 2011 em 11,01% (7,42% em 2010), a taxa de água e esgoto (de 3,37% para 8,30%) e os artigos de limpeza (de 2,45% para 6,94% de elevação). Observe que ambos os grupos (transporte e habitação) atingem diretamente e, de uma maneira, com maior intensidade, pois esta possui uma maior propensão a consumir da sua renda disponível (gasta maior parte da sua renda disponível com consumo). E quanto mais pobre, maior essa propensão com itens básicos. Vale lembrar que renda disponível equivale à renda bruta, menos os tributos e contribuições diretas (aqueles que incidem diretamente sobre renda e riqueza da população, como IPTU, IPVA etc.). 

O grupo de alimentação e bebidas apresentou o maior peso no ano. Ele contribuiu com 1,69 ponto percentual do índice, o que representa 26% do IPCA. Isto se deve à forte pressão dos alimentos consumidos fora do domicílio, cujos preços subiram 10,49% em 2011. Um grupo que apresentou queda foi o dos artigos de residência que partiu de 3,53% em 2010 e passou para 0,00% de variação em 2011, efeito causado principalmente pela política fiscal utilizada pelo governo através do IPI (imposto sobre produtos industrializados). 

Caso tenha percebido maiores descontos em suas atividades bancárias durante 2011 estes não foram somente em sua conta. Os serviços bancários passaram de –1,55% em 2010 para 12,46% de aumento em 2011, um dos maiores aumentos registrados no IPCA. Além das taxas bancárias, os serviços de manicure (de 8,32% para 11,29%) e de cabeleireiro (de 8,16% para 9,88%) contribuíram com as despesas pessoais que aumentaram de 7,37% (2010) para 8,61% (2011) de elevação. Os artigos de vestuário também aumentaram, passando de 7,52% em 2010 para 8,27%, com destaque para um acréscimo maior nas roupas masculinas em relação às femininas. Despesas com comunicação (0,88% para 1,52%) e artigos de residência (3,53% em 2010 para zero em 2011) foram os resultados mais baixos no ano.

Inflação ainda preocupa e o governo precisa ficar atento.

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Fernando Antônio Agra Santos é Economista pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e professor universitário das faculdades Vianna Júnior, Estácio de Sá, Universo e da Fundação Educacional Machado Sobrinho, todas a instituições em Juiz de Fora - MG. O autor ministra palestras, para empresas, na área de Educação Financeira.

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