Fernando Agra Fernando Agra 29/09/2015

Para onde caminha o dólar?

Fernando AgraHá dois meses escrevi o artigo “Para onde caminha a economia?". Hoje vou me ater especificamente apenas à pergunta de “R$ 1milhão de dólares”: Para onde caminha o dólar? Infelizmente ninguém sabe.

A situação da taxa de câmbio está tão imprevisível, que não me arrisco a estimar o quanto o dólar estará quando esse artigo for publicado (hoje o comercial fechou a US$ 1,00 = R$ 4,10). O dólar poderá estar a R$ 3,80, bem como a R$ 4,50. Não é exagero algum estimar um intervalo tão grande. E aí? Quais os impactos para o dia a dia, não só das empresas que importam e ou exportam, mas para o nosso leitor deste portal?

É ingenuidade pensar que a taxa de câmbio somente afeta as grandes empresas inseridas no comércio internacional. A forte depreciação cambial (exagerada alta do dólar) provoca impactos na vida de todos nós; um deles é o aumento direto dos preços dos produtos importados (consumimos muitos produtos que vêm de outros países) e dos produtos nacionais que têm, em sua composição, matérias-primas internacionais.

Entretanto, existem os efeitos indiretos no aumento dos preços, pois com o dólar mais alto, a gasolina importada ficará mais cara e o custo com o transporte aumentará e isso será repassado ao consumidor final. Outro efeito é que, com os importados mais caros, a população pode aumentar a demanda pelos produtos nacionais mais baratos e aí, pela Lei da Oferta e da Procura, o excesso de demanda pelos produtos nacionais (em substituição aos importados mais caros) vai provocar aumentos nos preços também dos produtos nacionais.

E mais uma coisa: pior do que um dólar muito alto ou muito baixo é essa atual elevada volatilidade, que dificulta planejamento tanto dos importadores quanto dos exportadores. Aconselho a quem vai viajar ao exterior, evite usar o cartão de crédito internacional, pois poderá ter uma surpresa desagradável quando a fatura chegar com US$ 1,00 = R$ 5,00 e não ter como pagar a fatura total e entrar num rotativo do cartão de crédito que ultrapassou a casa dos 402 % ao ano. E quem planeja viajar ao exterior e pode adiar um pouco, aconselho esperar a situação se acalmar mais, a não ser que você tenha muito dinheiro para gastar na viajem sem comprometer seu patrimônio. Quem sabe, pode ser a hora de conhecer as belas praias do Nordeste (onde faz calor o ano todo e possui água morna para banhos até durante as noites)!

Em suma, não sabemos para onde o dólar vai, mais uma coisa é certa: dólar alto contribui para ampliar a inflação ainda mais. Já não bastassem os problemas endógenos (internos), a população brasileira ainda sofre com influências exógenas (externas), fruto de dólar mais alto.


Fernando Antônio Agra Santos é palestrante na área de Inteligência Financeira, Gestão de Pessoas, Relacionamento Interpessoal, Marketing Pessoal e Gestão do Tempo. É Economista pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Professor da Universidade Salgado de Oliveira (Universo) e professor licenciado da Fundação Educacional Machado Sobrinho, todas as instituições em Juiz de Fora - MG. Também é economista do Centro Regional de Inovação de Transferência e Tecnologia (Critt) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). É autor do livro "Crédito Rural e Produtividade na Economia Alagoana" pela EDUFAL. É colunista do Portal ACESSA.com e foi coautor de artigos na Folha de São Paulo on line (com o colunista Samy Dana, Professor da FGV - SP), de agosto/2013 até janeiro/2015.Saiba mais clicando aqui.

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