A mediocridade do futebol mineiro

Matheus Brum Matheus Brum 14/11/2017

Semanas depois da horrorosa mudança na fórmula de disputa do Campeonato Mineiro do Módulo I, tivemos a reunião que definiu como será a disputa do Módulo II, do ano que vem. Como já estava sendo especulado, também tivemos novidades (ruins, no caso).

A fórmula será parecida com a aplicada na Primeira Divisão. 12 times, todos contra todos em turno único. Os quatro melhores avançam para as semifinais. Os vencedores de cada confronto fazem a final. No mata-mata, a disputa será em dois jogos.

A motivação para a mudança é econômica. No entanto, não consigo ver esta diminuição nos gastos com a fórmula proposta. Vamos aos pontos:

Duração do torneio: Em 2018, o Módulo II irá começar no dia 17 de fevereiro e terminará em 05 de maio. Neste ano, iniciou em 18 de fevereiro e encerrou em 20 de maio. Ou seja, os gastos salariais serão os mesmos na comparação entre os dois anos;

Diminuição de datas: Uma equipe, em 2018, jogará no máximo 15 vezes (11 da fase inicial + semifinais + final). Em 2017, todas as equipes que chegaram no Hexagonal Final, jogaram 20 vezes (10 na fase inicial + 10 na fase final). Isso poderia representar uma diminuição nos gastos, certo? Na teoria sim, na prática, nem tanto. A fórmula aplicada neste ano previa uma divisão regionalizada entre os grupos A e B. Assim, reduzia-se os gastos com viagens. Em 2018, dependendo do mando de campo, as viagens serão mais longas. O Tupynambás, por exemplo, pode ter que viajar para enfrentar CAP Uberlândia e Uberaba no Triângulo Mineiro. Fora que pode causar um desequilíbrio no campeonato, dependendo da formulação da tabela (que sabemos que nos estaduais são bem bizarros).

Além de não enxergar uma melhoria econômica que justifique a mudança, corremos o risco de deixar o campeonato mais desinteressante, uma vez que os times só têm como objetivo conquistar o acesso e fugir da degola. Dependendo da distância entre os times do meio da tabela para o G-4 e o Z-2, corremos o risco de algumas equipes “entrarem” de férias faltando duas, três rodadas para o término do certame. Isso pode vir a facilitar suspeitas de pagamento para ganhar ou perder jogos, as famosas malas brancas e pretas, respectivamente.

Vejo a mudança como um paliativo ruim, para um torneio horroroso. A verdade é que a continuidade do Campeonato Mineiro, assim como o dos outros estaduais, precisa ser repensado. Está provado por A + B que as fórmulas são ruins para os pequenos, e péssimas para os grandes. Mas, enquanto os times do interior ficaram “paparicando” as Federações, parabenizando-as por não fazerem nada para o desenvolvimento do futebol nos estados, nada irá mudar.

Espero que ao final de 2018, algum dirigente consiga mostrar, em números, as grandes mudanças feitas na disputa do campeonato estadual.

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