Fernando Agra Fernando Agra 13/12/2010

Novamente o IPTU em Juiz de Fora

Foto de carnê do IPTUHá um ano escrevi um artigo neste mesmo site, intitulado IPTU em Juiz de Fora, como custa caro!. Novamente existem rumores de que a Prefeitura quer promover mais reajustes no IPTU. Será que o IPTU que pagamos aqui na cidade é justo? Será que temos realmente uma contrapartida na prestação dos serviços públicos do município ou o lema da Prefeitura é simplesmente "arrecadar, arrecadar e arrecadar"?

Acredito que boa parte dos leitores estão cansados de pagar tantos tributos. E pior ainda é observar que muitos serviços públicos (federais, estaduais e municipais) ainda precisam melhorar bastante. É triste constatar que o Brasil possui uma das mais elevadas cargas tributárias do mundo. Muitos destes tributos pesam sobre o consumo, e como os mais pobres possuem uma maior propensão a consumir, ou seja, destinam maior parte de sua renda (senão toda) ao consumo, os mesmos são os mais penalizados.

O IPTU é um imposto direto que incide sobre o patrimônio do indivíduo. Isso quer dizer que quem possui imóveis que valem mais, pagam mais IPTU. Até aí, tudo bem. É uma questão de justiça. O problema é que no ano passado, em várias regiões da cidade, os aumentos foram absurdos e repentinos. Tais comprometeram o orçamento de vários contribuintes. Muitos não tiveram sequer como honrar com tal imposto. Naquela ocasião, o desconto para pagamento à vista foi reduzido de 20 para 12%. E já li, em alguns meios de comunicação, que já se planejam um aumento médio de 8 a 10% para o IPTU deste ano, bem como querem conceder apenas 8% para quem quitar o débito à vista. Novamente um duplo aumento. Faço votos de que a sociedade manifeste-se contra esses aumentos, exerça a sua força e barre esses abusos. Pagamos um dos IPTUs mais caros do Brasil. Isso é um absurdo!

Além do IPTU, li nos veículos de comunicação daqui de Juiz de Fora, que a Prefeitura pretende estender algumas áreas nos bairros São Mateus e Santa Helena para serem consideradas áreas azuis, ou seja, teremos que pagar para estacionarmos os carros até nas portas de nossas residências. Chego a pensar que o lema da Prefeitura é o citado acima, de querer arrecadar cada vez mais.

O autor Marco Vanconcellos, em seu livro "Fundamentos de Economia" (2008), destaca os princípios que norteiam a estrutura tributária do Estado. São eles: princípio da neutralidade (quando os tributos pouco interferem no funcionamento da economia); princípio do benefício (quando o indivíduo paga de tributo o equivalente ao que recebe de benefício do setor público); princípio da capacidade de pagamento (cobra-se de acordo com o que cada um pode pagar) e por fim, o princípio da equidade, que congrega os dois últimos princípios citados, ou seja, de distribuir o ônus de maneira justa entre os contribuintes, como ressalta Vasconcellos. E aí eu questiono: esses princípios de aplicam à estrutura tributária brasileira?

Prezados leitores, façamos a nossa parte, em busca de uma carga tributária mais justa. Sei que o poder público precisa arrecadar para fazer face às suas despesas com os serviços públicos. Entretanto, essa arrecadação precisa ser justa e saudável com as pessoas físicas, bem como dar condições ao setor privado de investir no presente e gerar empregos. Em seguida, o próprio governo arrecadará mais com o fluxo circular da renda e não somente com aumento de impostos. Um feliz 2011 para todos!


Fernando Antônio Agra Santos é Economista pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e professor universitário das faculdades Vianna Júnior, Estácio de Sá, Universo e da Fundação Educacional Machado Sobrinho, todas a instituições em Juiz de Fora - MG. O autor ministra palestras, para empresas, na área de Educação Financeira.