Sebos de JF registram aumento de até 90% no movimento de volta às aulas

Nesses locais, o preço do livro usado depende das condições, mas pode chegar à metade do valor original

Nathália Carvalho
Repórter
24/1/2013
Sebos

No início de ano há sempre aquela ginástica financeira para os pais conseguirem aliar os pagamentos dos impostos típicos do período, e ainda sanar as altas despesas com matrículas e materiais escolares. Um recurso bem aproveitado por muitos juiz-foranos é aproveitar as livrarias e papelarias que realizam trocas de livros usados. Em pesquisa realizada pelo Portal ACESSA.com, foi constatado que os estabelecimentos registram um aumento de 30% a 90% no movimento de volta às aulas.

Nestes locais, conhecidos como sebos, é possível adquirir materiais por preços bem abaixo do mercado e ainda realizar trocas dos livros do último ano para a nova lista de materiais escolares. Esse é o caso da administradora Márcia Angélica, que resolveu visitar alguns sebos da cidade antes do início das aulas, programado para o dia 4 de fevereiro. "Todo ano, eu troco livros, mas só compro se estiver valendo a pena. Alguns livros estão em condições ruins e, neste caso, é preferível obter um novo", conta.

Movimento a todo vapor

Segundo o proprietário da livraria Dom Pedro II, Jean Menezes do Carmo, o aumento no movimento de livros didáticos cresce até 90% com a proximidade da volta às aulas, quando comparado aos dias normais. "Desde dezembro, já estamos sentindo uma crescente procura dos pais pelos livros usados. Eles trazem os antigos, pegam os novos e pagam a diferença. É um processo único, o que acontece em Juiz de Fora, aliando a consciência ecológica à economia. Recebemos público de toda a parte", conta.

Na livraria Flamingo, o vendedor Paulo Roberto de Almeida explica que se aumenta de dez a 12 títulos no estoque de cada disciplina durante o período. "O movimento para esse setor aumenta em cerca de 30%, mas a demanda pelos de literatura não é tão sentida nesta época", diz. Já em outro sebo, a grande movimentação é baseada nas trocas, e os proprietários alegam que a demanda cresce entre 60% e 70%. "As lojas permanecem lotadas até a segunda quinzena de fevereiro e o estoque aumenta muito", explica o vendedor da banca do Vasco, Celso Roberto Mauler.

Com relação ao público que lota esses estabelecimentos no período, os comerciantes garantem que é composto, em sua maioria, pelos pais de estudantes de ensino médio e fundamental. "É bem diversificado e recebemos pessoas de toda a Zona da Mata. E a lista de materiais também é bem heterogênea, variando muito de uma escola para a outra", garante Almeida.

Economia para os pais

SebosSegundo levantamento da Agência de Defesa e Proteção do Consumidor (Procon/JF) sobre os preços de materiais escolares em Juiz de Fora, o valor de um produto pode variar em até R$ 30 de uma loja para a outra. Assim, o órgão orienta aos pais que façam pesquisas com antecedência e optem por produtos de qualidade. Nos sebos, o preço do livro usado depende das condições, mas pode chegar à metade do valor original.

Na maioria dos casos, as trocas são feitas da seguinte forma: o cliente recebe 50% do valor do livro usado que está vendendo e compra os novos, completando a diferença de preço. "É como se dois livros do consumidor equivalessem a um do nosso. A economia pode chegar a 50% no orçamento da família", diz Almeida. Segundo Márcia Angélica, dos nove livros que compõem a lista de materiais da filha, os preços consultados dos novos estão bem acima dos usados. "Consegui comprar tudo o que preciso e fazer uma economia de R$ 500. O preço compensa muito", diz.

A mesma economia foi observada pela manicure Silvânia Martins, que já possui o mesmo hábito há três anos, desde que a filha entrou no ensino médio. "Sempre vendo os livros do ano que passou em ótimo estado e, depois, compro alguns usados que também estejam em boas condições. Para mim, esta situação vale mais a pena do que trocar, porque minha filha é muito cuidadosa e os livros ficam seminovos", explica. Segundo ela, na primeira vez que testou o método, foram gastos R$ 800 e, na segunda, R$ 600. "Agora que já peguei mais o jeito de economizar, estou gastando ainda menos pelo mesmo número de materiais. Este ano, meu orçamento fechou em R$ 400", comemora.

Escolas dificultam hábito

Para Jean Menezes do Carmo, as constantes reformulações e reajustes de preços desse setor impedem que a compra de livros usados seja totalmente compensadora. "Percebemos uma grande indignação dos pais com o hábito das escolas particulares adotarem livros novos que as editoras lançam. Muitas vezes, a diferença de conteúdo é pequena e os pais são obrigados a comprar o livro novo, deixando, assim, de reaproveitar", comenta.

Segundo ele, tal situação gera desperdício de livro, maior impacto ambiental e desvantagem financeira, beneficiando apenas as próprias editoras. "Sabemos que muitos livros poderiam permanecer por mais tempo no mercado, sem necessidade de serem jogados fora tão rápido." Além disso, os pais e comerciantes lembram dos altos reajustes de mercado observados. "Tive que comprar dois livros novos pela troca de material do colégio. Além disso, notei que este ano, os livros estão bem mais caros", comenta Silvânia.

Os textos são revisados por Juliana França

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