Sábado, 22 de novembro de 2014, atualizada às 11h40

Comércio varejista aposta nas contratações temporárias de fim de ano

Eduardo Maia
Repórter
Comercio

Graziela Marcela da Silva, de 29 anos, deixou Carangola há dois meses para tentar uma oportunidade no mercado de trabalho em Juiz de Fora. Atenta ao período de aquecimento das vendas de fim de ano, optou por um emprego no comércio, setor que já possui experiência.

Há algumas semanas, Graziela foi contratada pela loja de calçados e acessórios femininos Ana Capri, localizada na rua São João. "Estou mudando de cidade, trabalho no comércio há quase cinco anos, e vim justamente neste período porque sei que há boas oportunidades de entrar numa loja", afirma a recém-contratada.

A aposta de Graziela é muito comum nesta época do ano, quando os lojistas precisam reforçar a equipe para atender à demanda das vendas. "Hoje eu estou com uma nova funcionária e pretendo contratar mais uma no início de dezembro, tendo uma equipe de cinco vendedoras. A gente tem expectativa de ficar com elas após o fim de ano, efetivá-las posteriormente", afirma a gerente da loja onde Graziela trabalha, Carla Lopes.

Para a profissional, o requisito maior para obter a vaga é a capacidade de atender aos diversos públicos. "Abrimos oportunidade para qualquer faixa etária, mas temos um público-alvo a ser atendido, priorizamos a contratação de pessoas que entenda o gosto jovem, que sejam mais descoladas. Geralmente a gente pede experiência, mas independente disso, oferecemos um curso de treinamento de vendas, abordagem pessoal, apresentação da marca, tudo para entrar num salão de vendas já preparada", explica.

Dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) apontam que o comércio varejista vai oferecer 138,7 mil vagas de trabalho no fim deste ano no Brasil, o que equivale a crescimento de 0,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Embora reflita um aumento, este é o menor índice de contratações temporárias desde 2009, considerando a série histórica.

Em Juiz de Fora, a expectativa dos comerciantes é de contratação de pelo menos mil pessoas, segundo uma pesquisa realizada pelo Sindicomércio em setembro. No entanto, aguarda-se o resultado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, para atestar a estimativa.

"Usando parâmetros internos de cálculo e observando diversos setores, não só do comércio de presentes, observamos que há um interesse dos empresários de aumentar em 5% a sua quota de funcionários. Mas temos que aguardar o resultado do Caged de novembro para confirmar este dado", explica o presidente Emerson Belotti. Realizada entre os empresários locais, a pesquisa considera não somente contratações para o Natal, mas para as de fim de ano de modo geral.

Ano difícil pode impactar vendas

Caracterizado como um dos mais difíceis dos últimos anos para o comércio varejista, 2014 demonstra um impacto aos comerciantes que pretendem alavancar as vendas neste período. Para Beloti, a falta de uma política econômica em escala macro que favoreça ao consumidor é o maior fator a se considerar.

"Na nossa análise, tivemos um ano muito difícil e necessariamente não considero isso somente por causa da Copa do Mundo, feriados ou ano eleitoral. Estamos nessa situação por causa da política econômica do Governo, os juros estão altos, as empresas não conseguem se reerguer. Em vez de comprar, o consumidor vai pagar juros. Desde setembro do ano passado, alguns setores estão reclamando e este ano foi pior", reclama.

Outro fator levantado pelo presidente do Sindicomércio é a inadimplência. "Ela está ocorrendo por causa da própria situação econômica do país. Os juros estão muito elevados, basta ver os do cartão de crédito. Há situações que o consumidor chega a pagar 200% de juros enquanto o seu salário aumenta 5, 6%. E essa dificuldade é repassada ao empresário", destaca.

A Serasa Experian alerta para o aumento da taxa básica de juros Selic de 11% para 11,25% ao ano, que torna o crédito mais caro aos consumidores. Segundo o órgão, ela vai impactar diretamente em quem está com dívidas em atraso e o caminho mais viável é tentar renegociar dívidas com os credores. Uma das sugestões é utilizar a primeira parcela do 13º salário para quitá-las.

"O 13º seria um recurso que poderia deixar criar mais expectativas aos lojistas. Mas não dá pra esquecer que a primeira parcela sempre vai para pagamentos do que para o consumo. Com o pagamento do 13º dos servidores públicos, a gente espera um ganho, principalmente por ser um dos que mais emprega na cidade", comenta Beloti.

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