Petrillo
Perseveran?a, experimenta??o e gosto pela arte


Ludmila Gusman
24/09/02

Petrillo em Veneza - arquivo pessoal "A arte ? a mola mestra da minha vida". Desde que descobriu isso, Jos? Augusto Petrillo de Lacerda tem chamado a aten??o do p?blico com obras que mesclam beleza e sensibilidade. Embora tenha nascido em Valen?a (RJ), o artista pl?stico considera-se um juizforano. "Tenho um carinho muito grande por essa cidade. ? um lugar que me sinto bem para criar", diz. E haja cria??o! No curr?culo do artista est?o mais de 60 itens, entre pr?mios e exposi?es.

N?o pense que para produzir tantas obras assim ? preciso ter muitos anos de vida. Com apenas 26 anos, Petrillo j? "fez diversas artes" por a?. Uma delas ? a cria??o do seu ateli? Hiato Ambiente de Arte (Rua Coronel Barros, 38). "Esse espa?o ? para mim a realiza??o de um sonho", comemora.

E n?o ? s? isso. Petrillo ? tamb?m pesquisador e professor de arte. Segundo ele, a produ??o de cada pe?a envolve estudo e concentra??o. "O trabalho precisa ter um diferencial, o que torna expl?cito o meu estilo", argumenta.

Uma vida de conquistas
O contato com a pintura aconteceu aos 11 anos de idade, quando ele ainda morava em Valen?a. At? os 15 anos a curiosidade foi seu principal incentivo. Desenhos, pinturas e rabiscos eram a distra??o do menino que ainda descobria seu dom. "Depois busquei mais e passei a viajar para Volta Redonda, ter contato com outros artistas, conhecer coisas novas. Foi uma experi?ncia enriquecedora", diz.

Al?m da pintura, o artista dividia seu tempo com outras atividades, para se auto-sustentar. "Perto da minha casa tinha uma f?brica de imagens de gesso. Eu pintava os santos todas as ter?as e quintas-feiras, para vender. Nos outros dias da semana eu fazia vassouras. Com o dinheiro eu conseguia viajar para Volta Redonda", relembra.

Incentivos na hora certa
Em 1994, aos 17 anos de idade, Petrillo foi aprovado, para realizar sua primeira exposi??o no Museu de Arte Moderna de Resende (MAM). "A exposi??o de um artista menor de idade, no local, era algo in?dito na ?poca. At? ent?o as obras expostas pertenciam somente a artistas mais velhos e conhecidos", relata. Depois da boa aceita??o que seus trabalhos tiveram, Petrillo estava certo de que queria se especializar na ?rea. Foi ent?o que ele decidiu fazer Faculdade de Artes na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). "Minha m?e queria que eu fizesse Odonto ou Arquitetura, mas eu bati o p? e optei pelo curso de Artes", conta.

A persist?ncia para realizar seus sonhos esteve presente tamb?m em uma oportunidade ?nica, da qual Petrillo n?o se esquece. Ele conta que por acaso soube da informa??o de que haveria um concurso para expor em Lisboa (Portugal), na Funda??o Calouste Gulbenkian. Tratava-se de uma exposi??o comemorativa aos 500 anos de Descobrimento do Brasil. "Eu ainda n?o era formado, falei com a Rachel, uma professora minha, e encaminhei a proposta com os nossos nomes. Eles aceitaram o trabalho e fomos expor l?. Ap?s a exposi??o, a Rachel voltou para o Brasil e eu fiquei ainda 40 dias viajando por outros pa?ses. Conheci muitos museus, galerias. Foi nessa ?poca tamb?m que tive a id?ia de construir meu ateli?", explica.

Um espa?o para arte e interc?mbio cultural
Ap?s a viagem que realizou em 1999, Petrillo come?ou a procura do espa?o para cria??o do seu ateli?, que s? ficou pronto tr?s anos depois. O local, inspirado em refer?ncias europ?ias, ? uma casa/ateli? que possui vitrina, galeria de arte, oficina de artes visuais, escrit?rio do artista e, no ?ltimo andar, as depend?ncias de casa (quarto, banheiro, ?rea e sala). Tudo planejado para criar na cidade um espa?o in?dito aberto ? arte e ao interc?mbio cultural. No Ateli? Hiato, Petrillo realiza tamb?m cursos e pretende abri-lo para lan?amentos de livros e outras atividades. "A partir do ano que vem, vou fazer uma sele??o para realizar quatro exposi?es anuais", adianta.

Um estilo pr?prio
Petrillo conta que a inspira??o para pintar surge nas madrugadas. Uma obra leva geralmente um m?s para ficar pronta. "Mesmo assim considero que o meu trabalho nunca est? acabado. A cada olhar tenho algo a acrescentar, uma nova impress?o eu tenho dele", diz o artista.

As telas apresentam id?ias de desgaste das coisas com prefer?ncias por materiais, como ferro, min?rio, ?xido, resina, terra, m?rmore, entre outros componentes na textura das tintas que ele mesmo confecciona. "Sou rato de ferro velho, coisas antigas agradam meus olhos. Uso muito a abstra??o e a presen?a de mat?ria, nas texturas das minhas tintas".

Conhe?a uma das exposi?es do artista: HIATO
As obras dessa exposi??o foram feitas com os restos
da constru??o do ateli? (ferro, reboco, tintas...) que leva o mesmo nome.

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