Clube do Choro celebra 11 anos Projeto que come?ou como um encontro entre amigos para valorizar e incentivar o choro acabou conquistando a cidade

Marinella Souza
Colabora??o*
16/05/2008

Em 1988, nascia o quarteto Choro e Cia com a inusitada proposta de tocar choro em Juiz de Fora. Por muitos anos, o grupo tocou informalmente, fora do conhecimento do grande p?blico.

Apaixonados pelo estilo musical, Kim Ribeiro, na flauta; C?zar, no viol?o de sete cordas; Caz?, no bandolim e M?rcio Gomes (foto abaixo) no pandeiro, come?aram a pensar no papel exclusivo que tinham no cen?rio musical e no quanto isso n?o era salutar para a cultura musical da cidade.

Em uma conversa informal sobre o assunto, em 1997, M?rcio e Caz? tiveram a id?ia de criar um espa?o onde outros m?sicos de choro pudessem interagir estimular os outros instrumentistas (experientes e novatos) a conhecer a linguagem do choro. Seguindo o exemplo que acontecia em centros como Bras?lia e Rio de Janeiro, surgia a?, o Clube do Choro de Juiz de Fora.

Aos poucos o CLube foi agregando novos m?sicos e eles passaram a se reunir em um bar na Zona Leste da cidade para tocar e conversar sobre o choro. M?rcio conta que a id?ia inicial era promover um encontro de m?sicos, sem pensar em atrair p?blico. "Quer?amos fugir da agita??o para formar novos m?sicos de choro. N?o pens?vamos em p?blico, nessa ?poca", relembra.

foto de M?rcio Gomes O destino, no entanto, n?o partilhava da opini?o dos chor?es e eles come?aram a formar um p?blico fiel. Nessa ?poca, surgiu a proposta de tocarem em um extinto bar, agora na regi?o central de Juiz de Fora, iniciando uma nova etapa para os m?sicos. "Com a maior freq??ncia, conseguimos apoios e come?amos a trazer m?sicos de fora para tocarem com a gente". Foi nessa ?poca que o Clube ficou conhecido na cidade.

Com muitas cabe?as trabalhando juntas em um mesmo projeto, as diferen?as foram inevit?veis e foi preciso reavaliar o projeto. Nessa fase o Clube se dedicou mais ?s oficinas de choro do que as apresenta?es do grupo. "N?s quer?amos investir na forma??o dos novos m?sicos, estimul?-los a participarem da roda". Assim, h? dois anos eles ensinam a linguagem do choro aos instrumentistas novatos.

Choro

M?rcio conta que o choro ? uma m?sica surgida h? 140 anos, mas apesar da idade avan?ada, permanece inovadora e jovial porque est? sempre sendo renovada. "Existia um conceito de que o choro ? uma m?sica de ?poca e, portanto, s? atrai o p?blico mais velho, mas isso n?o ? verdade. Nosso p?blico varia de oito a 80, muitos m?sicos jovens se interessam pelo choro e fazem uma m?sica de qualidade", explica.

foto dos membros do 
Clube do Choro de JF Para o m?sico, o grande charme do choro est? na elabora??o mel?dica do ritmo. "? uma m?sica que cativa pela qualidade", acredita. Ele explica que o choro ? uma conversa musical na qual um m?sico provoca o outro, que decodifica aquela linguagem e responde ao outro com uma nova provoca??o.

M?rcio acredita que esse clima leve, de descontra??o que acontece entre os m?sicos ? percebido pelo p?blico e ? uma atrativo a mais. "Ao contr?rio da Bossa Nova, que ? intimista, o choro ? uma m?sica alegre, buli?osa. H? quem diga que ? o 'jazz brasileiro', mas eu questiono isso porque o choro veio muito antes do jazz, ent?o eu acho que o jazz ? que ? o 'choro americano'", defende.

Apesar disso, o m?sico reconhece que a m?sica instrumental n?o tem f?cil empatia com o grande p?bico e deixa a mod?stia de lado ao admitir que, se hoje ela tem espa?o em Juiz de Fora, o m?rito ? do Clube do Choro. "N?o tem como negar essa responsabilidade. Nosso trabalho ? organizado, estamos sempre pensando o choro na cidade e buscando novas alternativas, o resultado n?o podia ser diferente", orgulha-se.

A grande inspira??o

Nove em cada dez chor?es consideram Pixinguinha o grande mestre do g?nero e M?rcio explica por que. "Ele surgiu no momento hist?rico em que a m?sica brasileira estava se consolidando e catalisou todas as informa?es musicais do in?cio do s?culo passado, criando 'a cara do choro'. Al?m disso, ele tinha presen?a na m?sica. Foi um g?nio, mas n?o um g?nio encastelado, era de f?cil acesso. Suas m?sicas s?o tocadas e regravadas at? hoje. Cl?ssicos como Carinhoso e Cochichando s?o m?sicas que d?o prazer de tocar", derrete-se.

O anivers?rio

Para o 11? anivers?rio, o Clube do Choro prepara uma homenagem ? Carlinhos Leite, violonista carioca de 83 anos que ainda est? na ativa, fazendo m?sica de qualidade e sempre prestigiou o Clube do Choro. "Ele ainda nem sabe, mas vamos entregar uma placa comemorativa e a blusa, que j? ? tradi??o desde o 5? anivers?rio, tamb?m ser? uma homenagem ? ele". Segundo M?rcio, Carlinhos Leite ? uma "lenda viva" do viol?o de seis cordas e j? tocou com Jacob do Bandolim, outra figura proeminente do choro.

*Marinella ? estudante de Comunica??o da UFJF


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