SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma nova rede de fibra óptica vai interligar oito universidades do estado de São Paulo, criando a possibilidade de compartilhamento de dados científicos e materiais didáticos entre elas e com centros acadêmicos do exterior. Com um custo anual de US$ 3 milhões (R$ 15,6 milhões), a rede Backbone SP deverá estar totalmente interligada até fevereiro de 2023.

Trata-se de uma infovia --conjunto de linhas digitais-- feita por meio de cabeamento óptico que permite uma velocidade maior de transmissão. Ela vai começar com 100 gb, mas poderá aumentar de acordo com a demanda.

A rede vai interligar a USP (Universidade de São Paulo), a Unesp (Universidade Estadual Paulista), a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a Universidade Presbiteriana Mackenzie, o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e as universidades federais de São Paulo (Unifesp), de São Carlos (UFSCar) e do ABC (UFABC).

De acordo com João Eduardo Ferreira, coordenador da Rednesp (Research and Education Network at São Paulo) e superintendente de Tecnologia da Informação da USP, a melhora na conectividade é uma necessidade por causa do volume dos trabalhos produzidos pelas universidades.

"Os dados científicos estão ficando mais volumosos, temos cada vez mais geração de dados na bioinformática, na biomedicina, na genômica. A gente tem que ter a infovia para escoar", diz.

As universidades contam atualmente com redes com velocidade que varia de 1 gb a 10 gb, dependendo da estrutura que possui. No caso da Unicamp, por exemplo, ela terá dez vezes mais velocidade, já que hoje tem uma transmissão de 10 gb.

"Esse tipo de infraestrutura [100 gb] pode tornar viável projetos que antes não eram por causa da inexistência de uma transmissão de alta velocidade", diz o professor Sandro Rigo, vice-chefe do Departamento de Sistemas de Computação da Unicamp.

Hoje já existem compartilhamentos de dados científicos, como o Projeto Genoma. Pesquisadores brasileiros da área de astronomia também participam de projetos de colaboração internacional. A meta é impulsionar esse compartilhamento com a nova rede.

"A infovia é um facilitador desse compartilhamento e dessa movimentação de dados gerados em cada polo de pesquisa e desenvolvimento científico", diz Ferreira.

A Rednesp foi criada em 1988 pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), com o objetivo de prover uma rede de alta velocidade específica para a área de educação e pesquisa.

O coordenador da Rednesp cita a participação da rede no projeto do telescópio do Observatório Vera C. Rubin, no Chile, como um exemplo de compartilhamento na infovia.

"Esse telescópio vai enviar dados para o mundo todo passando pela Rednesp via esse projeto de cooperação com a rede na América Latina. Vão gerar dados com esse telescópio e, para isso, tem que ter uma infovia", explica Ferreira.

"A analogia que faço é da produção de grãos do Brasil: se a gente tivesse uma infovia de trem para escoar toda a produção e conectadas, nós teríamos um custo muito menor de transporte."

Para Erick Melo, secretário-geral da Secretaria de Informática da UFSCar, uma das universidades ligadas à rede, a troca de dados vai facilitar o trabalho da comunidade científica com relação às demais ferramentas tecnológicas.

"Em algumas aplicações de simulação computacional na área de química e de genética, por exemplo, a gente tem dificuldade de compartilhar dados com outras universidades com uma largura de banda mais limitada. Esse novo link tende a potencializar o uso de todas as tecnologias."

Na UFABC, hoje a velocidade é de 2 gb e, segundo Paulo Victor, coordenador do Núcleo de Tecnologia da Informação da universidade, a rede Backbone SP fará com que ela aumente 50 vezes. Com a nova infovia, a entidade espera instalar um centro de computação de alto desempenho.

"A capacidade de colaboração aumenta bastante e aumenta a nossa competitividade na busca por financiamento."


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