SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Quem nunca teve aquela vontade de tirar uma soneca após as refeições? A sesta é um hábito cultural de países como Espanha, Itália e Portugal. Há relatos de que ela surgiu como uma reação ao clima e que, por isso, as pessoas optavam por dormir nas horas mais quentes do dia e trabalhar nos períodos mais frescos.

Estudos comprovam que tirar uma soneca após as refeições até tem benefícios. Mas será que dormir após as refeições tem um impacto no peso?

Os especialistas explicam que um simples repouso de meia hora não vai impactar na balança. O que engorda, na verdade, é o desequilíbrio entre o que a pessoa ingere de calorias e o que ela gasta.

O mito de que essa soneca pós-almoço engorda pode ter surgido porque elas podem atrapalhar a rotina de sono, diminuindo o tempo total de sono noturno. Isso, por sua vez, pode sim impactar no seu peso.

Uma pessoa que dorme mal é capaz de consumir 500 calorias a mais do que consumiria normalmente. A culpa é da leptina, o hormônio da saciedade, que fica em baixa, enquanto a grelina, o hormônio da fome, fica em alta. Além disso, dormir mal eleva a produção de cortisol, que lança uma energia extra em forma de glicose no sangue, também contribuindo para o aumento do peso.

A questão é que o quanto essa soneca depois do almoço impacta no sono noturno é muito pessoal e, no geral, ela é normal e até benéfica.

OS BENEFÍCIOS DA SONECA

Segundo o neurologista Shigueo Yonekura, o sono logo após o almoço é um processo natural do organismo. "O nosso relógio biológico apresenta picos de sonolência e existe uma pressão do sono entre 13 e 16 horas, sendo um pouco menor do que quando escurece. A sonolência no início da tarde tende a aumentar, como uma reação do organismo à queda de energia", explica o neurologista.

A soneca, portanto, aumenta os níveis de energia, melhora nosso humor e nos deixa mais alerta. Segundo um estudo publicado no periódico Sleeping, por exemplo, um cochilo de 15 a 30 minutos depois do almoço melhora a produtividade no trabalho. Outra pesquisa, publicada no periódico General Psychiatry, do BMJ (British Medical Jornal), revelou que há um desempenho cognitivo superior em idosos que cochilam nesse período do dia.

A orientação é que o sono depois do almoço seja de 15 a 40 minutos. Dessa forma, o descanso é reparador para o organismo e não prejudica a digestão, porque o metabolismo está funcionando normalmente e não dá tempo de entrar em sono profundo.

Ao fazer uma refeição farta e se deitar para dormir, o corpo, ao invés de relaxar, fica em estado de alerta, trabalhando para digerir o alimento e absorver os nutrientes. Isso gera um sono não reparador, mal-estar, distensão abdominal, queimação, gases, cólica intestinal, dor de estômago e insônia.

Um estudo ainda associou o jantar tarde a um fator de risco para hipertensão noturna (quando a pressão não cai como deveria no decorrer da noite) e, consequentemente, para o infarto.

Mas, como você viu, esses problemas estão relacionados ao jantar e ao ciclo de sono completo, e não a uma soneca após o almoço.


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