SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Passageiros no aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, continuam a sofrer nesta terça (1º) os efeitos dos atos golpistas que ocorrem em todo o país.

Os manifestantes, que apoiam o presidente Jair Bolsonaro (PL), dizem não reconhecer o resultado das urnas, com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no domingo (30).

Enquanto alguns passageiros pernoitaram nas poltronas ou pagaram por salas no aeroporto para o descanso, outros preferiram arriscar voltar para casa em algum dos poucos táxis disponíveis e aguardar o próximo voo disponível.

O aeroporto teve 25 voos cancelados desde o início de bloqueios em vias de acesso ao espaço na noite de segunda (31), como a rodovia Hélio Smidt, em Guarulhos, que só foi liberada pela PRF às 8h40 desta terça (1º), com o uso de spray de pimenta. Os passageiros contam que as companhias informavam que as tripulações não conseguiam chegar ao aeroporto por causa dos protestos antidemocráticos.

Com os bloqueios, o empreendedor Victor Marson, 26, que segue para Roma, não conseguiu sair do aeroporto para um quarto reservado em um hotel na região da avenida Paulista, e precisou alugar um espaço por 12 horas em uma das salas VIP do aeroporto.

"Esperei uma hora e meia e liberou uma vaga, aí consegui entrar. Tive que gastar mais R$ 400 para ficar nessa sala, que tinha uma cadeira, uma bolacha e um café, para não dormir no chão", afirma Victor. Vindo de Maringá (PR), ele voa para a Itália nesta terça (1º).

Já o casal Rita de Cássia Siqueira, 59, e Edvaldo Grande, 72, de Ferraz de Vasconcelos (na Grande São Paulo), preferiu se acomodar nas poltronas do aeroporto para não correr o risco de perder o voo para Nova York, onde passarão um mês de férias com amigos. Eles partiriam às 21h15 de segunda (31).

"Mas estamos encarando tudo com gratidão", diz Rita, que viu o marido se recuperar após 50 dias internado por Covid em 2020, 25 deles com intubação. "Logo ele, atleta, e eu achando que tinha risco por comorbidade".

Faixa preta de caratê, Edvaldo, técnico de obras, também está animado para a primeira viagem depois da internação e critica os atos antidemocráticos.

"Basta ver se fosse do outro lado, das pessoas que apoiam Lula fazendo isso. Temos que aceitar a realidade, o cara ganhou".

Luciana Zogbi, 60, e o marido João Zogbi Filho, 66, também iriam na segunda (31) para Nova York visitar a filha, o genro e os dois netos, mas precisaram mudar os planos quando o voo foi cancelado.

"Depois de muita demora e de confirmarem o cancelamento do voo, disseram 'quem não mora em São Paulo, vá para o balcão. Quem mora em São Paulo, vá para os táxis'. Foi meio um 'se vira'", diz Luciana.

Mais sortudo com os táxis, o analista de sistemas André Luis Huffenbaecher, 51, que aguarda na fila com sua esposa, a esteticista Selma Huffenbaecher, 52, conseguiu encontrar um carro disponível que o levou até um hotel nas proximidades, onde conseguiu um quarto às 4h.

Ele também passa por Nova York, mas seu destino é Los Angeles, onde deve passar alguns dias de férias. "Se o voo sair mesmo às 17h, a previsão de chegada é às 3h de quarta [2] em Nova York, e aí são mais seis horas até Los Angeles", diz ele.

O casal vive em Indaiatuba, no interior de São Paulo, e previu transtornos após o resultado das eleições. "Eu sabia que se o Lula ganhasse, teríamos problemas no dia seguinte. Nós pegamos a manifestação na marginal Tietê, mas chegamos no horário. Só que a tripulação não conseguiu", diz André.


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