SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem avaliado trazer secretários que atuaram em outros estados para comandar a rede de ensino paulista, a maior do país.

Entre os principais nomes cotados estão o do empresário Renato Feder, atual secretário de Educação do Paraná, e do ex-deputado Thiago Peixoto, que foi secretário de Educação de Goiás e é filiado ao PSD de Gilberto Kassab, um dos principais articuladores da campanha de Tarcísio.

Nos últimos anos, as redes de ensino do Paraná e Goiás estiveram entre as com melhor desempenho no ensino médio no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), com resultados superiores aos de São Paulo.

Apesar do plano de governo de Tarcísio indicar a continuidade das principais políticas em vigor em São Paulo, ele se mostrou preocupado com o que encontrou nas escolas paulistas. Tarcísio teria dito para pessoas que atuam na área o incômodo com os relatos de falta de professor e os problemas de implementação do novo ensino médio.

De acordo com a proposta orçamentária enviada pelo Executivo à Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), a Secretaria de Educação receberá investimento de R$ 49 bilhões no ano que vem.

A pasta é a que mais receberá verba, com quase o dobro do valor reservado para Saúde (R$ 28 bilhões) e Segurança Pública (R$ 27 bilhões).

Por entender que a educação paulista tem problemas graves de gestão, Tarcísio quer dar preferência para nomes que já têm experiência com grandes redes de ensino e possam resolver logo os principais entraves, como a falta de professores.

"São Paulo tem muitas demandas, e a melhor forma de fazer bom governo é fazer um bom time. A nossa ideia é ter um time técnico muito qualificado, à altura da grande do estado. Vamos primeiro cuidar da transição", disse ele no dia em que foi eleito.

A atuação de Feder no Paraná é vista com bons olhos, já que foi em sua gestão que o ensino médio da rede estadual paranaense alcançou o primeiro lugar no Ideb de 2021-em 2017, o estado estava em 7º lugar.

As políticas adotadas por Feder no Paraná vão de encontro aos interesses de fundações e empresários da área. Na última semana, por exemplo, o governo paranaense abriu um edital para contratar empresas que vão gerir 27 escolas estaduais, a partir do próximo ano.

Feder também foi responsável por implementar um sistema de teleaulas para alunos do ensino médio para contornar a falta de professores no estado e aumentar a oferta do que chamam de ensino técnico.

Apesar das ações adotadas por Feder serem bem vistas pelo terceiro setor, integrantes da equipe de Tarcísio avaliam que o nome do empresário deve sofrer bastante resistência entre os professores.

Assumir a rede estadual de São Paulo traria a projeção esperada por Feder nos últimos anos. Em 2020, ele foi convidado por Bolsonaro para ser ministro da Educação após a saída de Abraham Weintraub.

A indicação não foi adiante na época por causa da relação próxima que Feder teve com o então governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Em 2016, Feder doou R$ 120 mil para a campanha de Doria à prefeitura paulistana.

Já Thiago Peixoto tem seu nome bastante cotado, tanto pela sua atuação à frente da secretaria de Educação de Goiás, como pela boa relação política. Peixoto foi um dos fundadores do PSD ao lado de Kassab, um dos mais fortes aliados de Tarcísio.

O nome de Peixoto também tem boa aceitação entre fundações da área, já que nos últimos anos se dedicou aos estudos sobre políticas públicas em educação. Ele trabalhou como coordenador do Profissão Docente, uma organização mantida por Fundação Lemann, Instituto Península e Instituto Unibanco, entre outros.

Peixoto assumiu a secretaria goiana em 2011, durante o governo Marconi Perillo (PSDB). Em 2010, as escolas de ensino médio de Goiás estavam em 7º lugar no Ideb e passaram ao 1º lugar em 2014.

Em 2020, o ex-deputado também chegou a ser um dos cotados por Bolsonaro para assumir o MEC.

Procurados, Feder e Peixoto não quiseram se manifestar sobre uma possível indicação para assumir a Secretaria de Educação paulista.

Outro nome que também tem sido avaliado é o do engenheiro Luiz Antonio Tozi, que foi secretário-executivo do MEC no início do governo Bolsonaro. Ele é diretor da Fatec de São José dos Campos e tem apoio da ala ligada ao vice-governador Felício Ramuth (PSD).

Guilherme Afif Domingos (PSD), escalado por Tarcísio para conduzir a transição de governo, disse que os nomes dos secretários deverão ser anunciados a partir da segunda quinzena deste mês. Até lá Tarcísio seguirá em viagens com a família.

Ao longo da campanha, Tarcísio listou mais de dez nomes de integrantes de sua campanha que devem integrar seu novo secretariado. Nenhum desses nomes, porém, diz respeito à educação.

Entre eles, há ex-colegas do Ministério da Infraestrutura e assessores do ministro da Economia, Paulo Guedes, além de políticos filiados ao PSD como o próprio Afif e o médico Eleuses Paiva, deputado federal por dois mandatos e vice-prefeito de São José do Rio Preto (SP), cotado para Saúde.

Atualmente, o Governo de São Paulo reúne 23 secretarias, e Tarcísio antecipou que não pretende manter nenhum dos atuais secretários da gestão do Rodrigo Garcia (PSDB), incluindo o atual chefe da pasta de Educação, Hubert Alquéres.


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