SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Cinco anos após o incêndio que destruiu o Mercado Municipal de Santo Amaro, na zona sul de São Paulo, na madrugada de 25 de setembro de 2017, o espaço foi reaberto nesta segunda-feira (12) com tamanho quatro vezes maior e com um novo nome: agora é Santo Mercado.

Em 2019, na gestão Bruno Covas (PSDB), o local foi concedido para a iniciativa privada, por meio de licitação vencida pelo Consórcio Fênix, formado pelas empresas Engemon, Houer, Supernova e Urbana Arquitetura e Projetos, com outorga de R$ 1,3 milhão por ano.

O Mercado de Santo Amaro tem 125 anos e, como forma de tentar manter parte da tradição, 19 dos 27 antigos permissionários, agora lojistas, receberam uma condição especial. Em vez de pagar o valor de mercado pelo aluguel, durante dois anos vão continuar com o mesmo valor que repassavam à gestão municipal pela permissão de uso antes da concessão.

"Entregamos o espaço para eles com estrutura, senão o mercado nasceria sem característica nenhuma. Imagina chegar aqui só com gente nova ou com franquias. Não tem nenhuma franquia, não tem grandes marcas, tudo para privilegiar o comércio local", afirma Marco Alberto da Silva, presidente do Consórcio Fênix.

Eder Pinheiro, dono da Flor da Terra Paisagismo, está no mercado há 14 anos e disse que gostou do resultado. "Ficou moderno e um pouco rústico. Talvez a essência se perdeu um pouco, mas vai chamar uma nova geração", disse.

O comerciante conta que precisou se adaptar. "Eu perdi 50% do faturamento depois do incêndio e com a pandemia. Me reinventei com arranjos, vasos, encomendas e projetos", afirmou.

O tradicional Sacolão deu espaço ao SuperVille Hortifruti após mais de 20 anos de operação.

"Quando tivemos de ir para a tenda, após o incêndio, perdemos 70% da clientela. Mas agora é um novo momento, com cara nova, mais conforto e variedade. A gente vai trazer um público novo, mas o antigo vai retornar porque é o público do bairro, já conhece a nós e também a qualidade do nosso produto", declara Fábio Reis, proprietário.

Há 18 anos no espaço, Maria Regina Fernandes diz que perdeu 60% de tudo o que tinha no Empório Singular por causa do incêndio e ainda se lembra do dia do incêndio.

"Eu vi da janela do quarto, porque moro aqui perto. Escutei o barulho, acordei, vi tudo e vim para cá desesperada, desnorteada, sem saber o que tava acontecendo. Foi muito triste", relembra.

A comerciante agora olha para o futuro com esperança. "Agora está maravilhoso. Quando falaram que seriam quase 130 lojas, me assustou. Agora vendo pronto, estou superanimada, confiante."

Helena Ferreira Vieira, do Emporium Santa Helena, há 40 anos no Mercado de Santo Amaro, disse que está muito satisfeita.

"Ficou diferente, mais chique, mas ainda tem uma lembrancinha do mercado municipal. A gente espera que venha público novo. Só vinha gente da região comprar", diz.

Daniel Hollaender está no centro comercial há 22 anos, com a Penedo Frios e Laticínios, e diz ter ficado emocionado com a reinauguração. "Quando pegou fogo eu não chorei, mas hoje eu chorei de emoção. Isso aqui é o máximo que podia acontecer em Santo Amaro, para São Paulo. Hoje é o melhor mercado de todos."

De forma geral, o público que conheceu o antigo Mercado de Santo Amaro aprovou. "Mudou bastante a característica, mas achei interessante. Não gostei muito da arquitetura de fora, tá meio um caixotão. Mas internamente está muito acolhedor e vai dar um movimento legal", comenta o engenheiro Guilherme Hannickel, que mora próximo ao estabelecimento

A analista de recrutamento e seleção Suzete Bonfim foi almoçar no novo espaço com duas colegas. "A gente estava acostumada a ver as obras e agora vê como ficou. Creio que tem tudo para ficar parecido com o Mercadão do centro, o mais famosinho", disse.

A professora Astrid Kampf Beutler, antiga frequentadora, se disse encantada. "Agora está lindíssimo, é uma pequena cidade. A gente encontra pessoas, encontra o que procura, é um espaço de convivência também", define.

O empreendimento tem 11,5 mil m2 de área total distribuída em três pisos e 120 espaços comerciais, além de 37 quiosques. Nessa primeira fase, mais de 50 operações já estão abertas.

Com investimento de cerca de R$ 80 milhões, o projeto ainda terá mais uma fase, com a entrega de um rooftop no primeiro semestre de 2023.

"O que a gente quer colocar aqui é o mercado do futuro, inspirado em mercados da Europa, mantendo a tradição do bairro", afirma Marco Alberto da Silva, presidente do Consórcio Fênix, anunciando que o local deve receber eventos. A expectativa é atrair 120 mil visitantes por mês.

"Quero que isso aqui seja a praia de Santo Amaro", diz.


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