SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Polícia Civil de São Paulo esteve, nesta sexta-feira (6), no Ateliê do Centro, escola de arte acusada por ex-alunos de praticar violência física e sexual. O fundador da instituição, Rubens Espírito Santo, nega os crimes e, em carta aberta nas redes sociais, pede desculpas aos alunos por excessos e diz que tudo o que ocorreu foi consentido.
Segundo a corporação, policiais cumpriram mandado de busca e apreensão de objetos relacionados às investigações, que estão em curso pela 1ª DDM (Delegacia de Defesa da Mulher), do Cambuci, bairro no centro de São Paulo.
A reportagem questionou que tipo de objetos foram apreendidos, porém segundo a polícia essa informação está sob sigilo. "Os autos seguem em segredo de Justiça, em razão da tipificação atribuída aos fatos", diz a polícia.
As acusações são descritas no podcast O Ateliê, que estreou na quarta-feira (4) e acompanha o caso há mais de sete meses, desde que a pintora Mirela Cabral, 30, decidiu trazer os relatos a público, no início de 2022.
Mirela e outras duas mulheres afirmam ter sofrido dentro do ateliê crimes de violência psicológica, física, sexual e de exploração financeira. Para a série em áudio, dezenas de pessoas foram ouvidas e todas elas confirmaram ter visto ou vivido violências dentro da escola de arte.
Após o lançamento do primeiro episódio do podcast, Rubens Espírito Santo publicou uma carta aberta nas redes sociais em que afirma que as aulas no ateliê ficarão suspensas até que as acusações sejam devidamente esclarecidas. No texto, ele diz que as acusações são "absurdas, infundadas e constituem um verdadeiro linchamento público de sua imagem".
Ele diz que tudo o que ocorreu em sua escola tinha o consentimento dos alunos. Na carta, pede desculpas por "eventuais excessos" de uma relação "em grande parte marcada por afeto, cumplicidade, aprendizado mútuo e por longos períodos de convivência".
"No Ateliê do Centro nós adotamos, de fato, um método bastante rigoroso. Nós trabalhamos com pequenos grupos de artistas, arquitetos, cineastas e outros profissionais de áreas criativas que têm interesse em experiências radicais no campo das artes", diz na carta.
"Neste contexto de trabalho", completa, "é natural e proposital que surjam atritos e situações de confronto, como elementos provocadores. A convivência intensa e radical que propomos pode resultar em excessos, reconheço, que podem ter sido cometidos nas relações com ex-alunos".
Ele ressalta, contudo, que "ninguém foi obrigado a nada, ninguém foi submetido a atividades com as quais não estivesse de acordo". Também nega que sua escola seja uma seita, como dito por um dos entrevistados, e que tenha explorado financeiramente seus alunos.
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