Os blocos carnavalescos começam a animar a cidade do Rio de Janeiro neste domingo (8), na abertura do carnaval não oficial, evento que tem à frente o movimento Desliga dos Blocos, que se formou para ser uma manifestação livre dos foliões. A primeira apresentação dos grupos que não fazem parte do calendário da Riotur pretende ser um grande encontro depois das dificuldades enfrentadas pelos foliões com a pandemia de covid-19, período em que não puderam sair às ruas.
Mesmo sem recomendação da prefeitura do Rio, em consequência da covid-19, alguns deles saíram às ruas na data oficial no ano passado, que seria em fevereiro, e também no carnaval fora de hora de abril, quando ocorreram os desfiles das escolas de samba.
“Não foi o carnaval como a gente estava acostumado, mas foi bem interessante, inclusive o Boi Tolo fez um desfile muito bonito. Agora, a gente está seguro de que este é o momento certo para começar a retomar”, disse, em entrevista à Agência Brasil, Luis Otávio Almeida, representante do Desliga dos Blocos e do Cordão do Boi Tolo, um dos mais procurados blocos livres do Rio. Ele espera que a vontade de se divertir dos foliões, represada na pandemia, seja maior que nos anos anteriores ao surgimento da doença.
Luis Otávio ressaltou que o carnaval é uma grande terapia que o povo faz anualmente e que está represada e, por isso, a festa deste ano deve ser muito forte.” Ele lembrou que o Boi Tolo não tem trajeto determinado, “destino, nem hora pra acabar”. Nem a chuva prevista para este domingo vai atrapalhar: “chuva sempre afasta um pouco as pessoas. Mesmo assim, vamos ter uma abertura muito interessante, por esse represamento e porque as pessoas quererem extravasar a alegria”, afirmou.
Até quinta-feira (5), 34 blocos estavam confirmados, mas Luis Otávio acredita que até domingo a lista pode receber mais adesões. Entre os que já decidiram desfilar, além dos tradicionais, como o Boi Tolo, que costuma atrair grande número de pessoas na Praça XV, centro do Rio, marcado para as 16h, tem o novíssimo Bloco do Zeca, que homenageia Zeca Pagodinho, que sairá pela primeira vez somente com músicas do cantor e compositor.
A concentração será às 9h na Rua Sacadura Cabral, 57, região portuária do Rio. Para o mesmo horário, está prevista a saída do Mistério Há de Pintar, no espaço externo do Museu de Arte Moderna, no Aterro, região central da capital.
Manifesto
O Desliga dos Blocos preparou uma carta, a ser distribuída amanhã nos desfiles, em que alerta para a decadência do centro do Rio, considerado o berço da cultura carnavalesca carioca, que “acontece há séculos, independentemente de organização prévia, do mercado ou do poder público”. O movimento vê com preocupação o cenário atual da festa, que define como agonizante e pedindo socorro.
“O Rio de Janeiro, principalmente o centro histórico, que já foi o lar de Tamoios e Temininós, nasceu como uma cidade portuguesa nos trópicos, foi a capital do Vice-Reino do Brasil, do Reino de Portugal, do Império Brasileiro, do Brasil, da Guanabara e é a capital do estado do Rio de Janeiro, tornou-se ponto de encontro de diversos povos africanos que resistiram à opressão e foram elementos fundamentais na formação da nossa cultura. Esse grande caldo cultural permitiu o nascimento em terras cariocas da maior festa popular do planeta”, diz o documento.
De acordo com o texto, o processo de degradação do centro, que se acelerou nos últimos anos, está levando a área à desertificação, o que traz uma total falta de segurança. “A elite, que há um século já não mora lá, agora parece também não querer o local nem para trabalho. O povo, tão carente por moradia, não recebe nenhum incentivo para voltar ao local. Sem habitantes, o comércio também agoniza”, diz o manifesto, pedindo atenção dos três níveis de governo para a situação do centro, o que estará também exposto em faixas com mensagens sobre a região e pedidos de políticas públicas para revitalizá-la.
O documento protesta ainda contra o “destombamento” pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), do Buraco do Lume, lugar de conhecidas e históricas manifestações populares na região.
“Causa-nos estranheza que a Assembleia Legislativa tenha destombado o Buraco do Lume para favorecer a construção de um prédio, quando os existentes estão cada vez mais vazios. Precisamos que o centro retome a vida e sem nenhuma praça a menos”, enfatiza o manifesto.
Programação
Praça XV
10h - Toques para Odudua
11h - Bloco da Insana (Escadaria da antiga Alerj)
16h - Boi Tolo
18h - Bloco To Be Wild
Rua do Mercado (Beco do Boi Tolo)
10h - Lambabloco
11h - Butano na Bureta
12h - Balanço Zona Sul
13h - Nosso bloco
14h - Que pena, amor
15h - Traz A Caçamba
16h - Percussaça
Arco dos Teles
11h - Bloconcé
12h - Calcinhas Bélicas
13h - Pomba Idosa
14h- Batuquebato
15h30 - Os Biquínis de Ogodô Convidam as Sungas de Odara
Buraco do Lume
11h30 - Orquestra Circônica
13h - Mulheres Rodadas
15h – Caramuela
16h - Vem Cá, Minha Flor
Praça Mauá
13h - Filhotes Famintos
16h - Pyranhas do Nilo
Aterro (próximo ao Teatro Marionetes)
10h30 - Fanfarrinha
Morro da Conceição
9h - Amores Líquidos
Praça do Expedicionário Fórum na Rua 1? de março
14h – Maracutaia
Alerj
17h - Blonk
Marechal Âncora
13h - Besame Mucho
Lapa Lampadário
13h20 - Planta na Mente
Pira Olímpica
11h - Canários do Reino
Sacadura Cabral 57 – Bairro da Saúde
9h - Bloco do Zeca
11h - Piratas Ordinários
Cinelândia
15h - Bola Laranja
Rua do Carmo
15h - Só Toca Bloco
MAM - 9h - Mistérios Há de Pintar