SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Gestantes com Covid-19 apresentam maiores riscos para diversas complicações associados à doença se comparados aos de grávidas sem a infecção, indica uma nova pesquisa. Necessidade de ventilação, pneumonia e até morte materna são alguns exemplos dos problemas mais comuns nas gestantes com Covid.

Além das grávidas, a pesquisa também mensurou o efeito que a doença tem para os bebês, como em casos em que eles precisam ser internados em UTIs logo após o nascimento.

A pesquisa é uma meta-análise -ou seja, os autores se valeram de dados já publicados em outros estudos- e foi publicada nesta segunda (16) na revista BMJ Global Health. No total, 12 levantamentos previamente publicados, cada um com dados de diferentes regiões, compuseram a análise, totalizando mais de 13 mil gestantes.

As informações são de 12 países diferentes -incluindo os da África Subsaariana, algo raro para levantamentos desse tipo.

Segundo os autores, estudos já haviam sido feitos sobre a associação entre Covid-19 e gravidez, mas com significativa discrepância entre eles. O artigo tentou compilar pesquisas que apresentam um padrão semelhante e procura abranger dados de diferentes regiões do planeta.

As gestantes que participaram dos estudo foram divididas em dois grupos: um composto daquelas que tiveram Covid-19 durante a gravidez ou em até sete dias após o parto; e outro de mulheres que fizeram testes para detecção de Covid-19 durante a gestação, mas tiveram resultados negativos.

A comparação entre os dois grupos mostrou os maiores riscos que as participantes com Covid-19 e seus recém-nascidos tinham durante a gravidez e logo após o parto para diferentes desfechos -no total, foram 30.

Um desses casos é em relação às mortes. A pesquisa observou, por exemplo, que grávidas infectadas com o Sars-CoV-2, vírus que causa a Covid-19, tinham um risco quase oito vezes maior de morte materna em relação a gestantes que não apresentavam a infecção.

Mas o maior risco foi visto no caso de pneumonia. Os autores viram que, entre grávidas com Covid, a inflamação do pulmão tinha um risco 23 vezes maior de aparecer quando comparados com aquelas sem a infecção. Logo abaixo vem a necessidade de passar por ventilação, com um risco aproximadamente 15 vezes superior.

O artigo também observou os desfechos em relação aos bebês. A necessidade de internar um recém-nascido em uma UTI neonatal foi quase duas vezes maior entre os filhos de gestantes com testes positivos para Covid-19. A prematuridade foi outro problema encontrado no levantamento.

Por outro lado, casos de natimortos e dificuldade de fetos se desenvolverem ainda no útero não tiveram uma diferença significativa entre grávidas que estavam com Covid e aquelas sem registro da infecção. Além disso, as taxas de complicações nos bebês são menores em relação a ocorrências somente com mães.

Para os autores, os dados revelam que, antes de tudo, é necessário melhorar os índices de proteção contra o coronavírus na gestação. "Essas descobertas ressaltam a necessidade de esforços globais para prevenir a Covid-19 durante a gravidez por meio da administração de vacinas e intervenções não farmacêuticas", escrevem os autores.

Além disso, os pesquisadores apontam a importância de pensar no tratamento adequado desse público. "Mais esforços são necessários para avançar nossa compreensão das melhores estratégias de tratamento e manejo clínico para gestantes infectadas com Sars-CoV-2 e seus recém-nascidos", concluem os cientistas no artigo.


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