SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O secretário da Educação de São Paulo, Renato Feder, disse que vai multar a Multilaser, empresa da qual é um dos acionistas, por atraso na entrega de notebooks às escolas estaduais.
Feder foi CEO da Multilaser e ainda é acionista da empresa por meio de uma offshore. A empresa foi contratada por R$ 200 milhões pela Secretaria da Educação, no fim do ano passado, para fornecer 97 mil notebooks para as escolas paulistas em um prazo de até dois meses. Assim, ela tinha até o fim de fevereiro para entregar os computadores, o que não ocorreu. O atraso foi noticiado pelo Metrópoles e confirmado pela reportagem.
Em nota, a Multilaser confirma que ainda não entregou todos os equipamentos dentro do prazo estabelecido em contrato. "Até o momento, a entrega do primeiro lote já foi concluída em 97,37%, o que representa 9.250 produtos", disse a empresa. Isso significa que menos de 10% do total adquirido pelo estado foi entregue no prazo.
"Devido às entregas serem descentralizadas, ou seja, escola por escola, questões de logística e em regiões com dificuldade de acesso, como no caso do litoral norte de São Paulo, tiveram que aguardar e serão atendidas posteriormente", disse a empresa.
Na manhã desta quinta (16), o secretário disse que a Multilaser já foi notificada e que será informada da multa. Ele não disse, porém, o valor da punição.
Os contratos da secretaria com a empresa foram firmados em dezembro do ano passado pela gestão anterior, quando Feder já havia sido anunciado por Tarcísio para o comando da pasta.
Na ocasião, Feder afirmou que se desligaria da Multilaser e que, por isso, não haveria conflito de interesses em ser responsável por fiscalizar a execução de contrato com uma empresa com a qual tem ligação.
Depois foi revelado, no entanto, que Feder detém 28,16% das ações da Multilaser por meio de outra empresa, chamada Dragon Gem LLC, com sede em Delaware (EUA), um conhecido paraíso fiscal.
Nesta quinta, o secretário afirmou ainda que outra empresa contratada para fornecer notebooks às escolas, a Positivo, também será multada por atraso na entrega dos equipamentos. A reportagem tentou contato com a empresa, mas não recebeu resposta até a publicação deste texto.
O TCE (Tribunal de Contas do Estado) determinou a abertura de uma investigação para apurar a legalidade dos contratos e possível conflito de interesses do secretário.
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