RECIFE, PE (FOLHAPRESS) - O ministro da Justiça, Flávio Dino, disse nesta segunda-feira (20) que há um "controle progressivo" no enfrentamento à onda de violência no Rio Grande do Norte.

Dino desembarcou em Natal neste domingo (19), seis dias após o início dos ataques no estado. Segundo ele ministro, o número de ações criminosas está em queda em relação aos dias anteriores.

"Estamos em controle progressivo, com taxas declinantes. A situação de ontem não é ainda a que nós desejamos e vamos conseguir [o controle total], mas é muito melhor que a de dois, três dias atrás. Saímos de centenas de ataques para menos de dez", disse Flávio Dino.

A fala foi proferida em entrevista coletiva junto à governadora do estado, Fátima Bezerra (PT) e do secretário nacional de Segurança Pública, Tadeu Alencar.

Cerca de 700 integrantes das forças federais e da Força Nacional reforçam a tropa de segurança no Rio Grande do Norte. Segundo Flávio Dino, a presença desse reforço poderá ser prorrogada no estado "por algumas semanas, enquanto a governadora achar necessário".

"Fizemos o pedido ao ministro, e foi acolhido, para prorrogar a presença da Força Nacional no RN [durante] o tempo que for necessário para que a gente possa trazer a paz e a normalidade", acrescentou Fátima Bezerra.

Segundo o ministro, o governo vai investir R$ 100 milhões no estado.

"Neste ano, vamos investir R$ 100 milhões no Rio Grande do Norte. Será repassado para o estado para áreas que foram definidas em diálogo no governo estadual. Estamos assumindo o custo de três obras importantes para o estado, o Itep [Instituto Técnico-Científico de Perícia] na área de polícia científica, o regimento de cavalaria da PM e o complexo da Polícia Civil", afirmou.

"Essas despesas serão assumidas pelo governo federal, o que vai permitir que a governadora use recursos que iriam para isso na aquisição de viaturas e armamentos", acrescentou Flávio Dino.

Novos equipamentos de segurança já adquiridos pelo ministério serão entregues até a próxima semana ao governo potiguar, segundo Flávio Dino. O ministro também prometeu anunciar em breve mais recursos para o sistema penitenciário, a construção de nova unidade prisional e ampliação de vagas nos presídios.

Na esfera política, a crise tem gerado embates. Na sexta (17), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), encaminhou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) um pedido do senador Styvenson Valentim (Podemos-RN) para que haja intervenção das Forças Armadas no Rio Grande do Norte.

O senador Rogério Marinho (PL-RN), que assim como Styvenson faz oposição à governadora Fátima Bezerra, defendeu medida semelhante. Aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Marinho disse nas redes sociais que vê "inércia" da gestora no enfrentamento ao crime.

Sem mencionar nomes, Flávio Dino disse que tentar apontar

"Compreendo o papel da oposição democrática e da liberdade de imprensa, mas é meu papel passar os dados concretos para distinguirmos o que é a crítica legítima da tentativa equivocada de crucificar e encontrar uma pessoa como sendo responsável pela crise e esse é um debate inútil e improdutivo que não interessa à sociedade", disse Dino nesta segunda, sem mencionar nomes.

A hipótese de intervenção está descartada pelo governo federal neste momento, segundo a Folha de S.Paulo apurou.

**NOVOS ATAQUES**

Novos ataques foram registrados nesta segunda. Em Currais Novos, no interior potiguar, criminosos jogaram coquetel molotov em um pátio da Polícia Rodoviária Estadual. Um ônibus da Polícia Militar foi atingido no para-brisa por uma garrafa com combustível, mas o fogo não se espalhou.

Em Grossos, a fachada da Câmara Municipal foi alvo de tiros por volta das 4h, e uma porta de vidro foi destruída.

Em Natal, criminosos tentaram incendiar uma base da PM jogando coquetel molotov na entrada do prédio. A porta ficou manchada, mas as chamas não se alastraram. Bandidos também tentaram atear fogo em uma garagem de ônibus da capital, mas não conseguiram atingir os veículos.

Em Mossoró, próximo à divisa com o Ceará, houve tentativa de incêndio a dois ônibus.

Na noite do domingo, a polícia prendeu suspeitos de participarem de ataques em Parnamirim, na região metropolitana. Em Natal, homens com coquetéis molotov também foram detidos.

Usuários do transporte público de Natal enfrentaram problemas na manhã desta segunda, com ônibus lotados e congestionamentos. Há restrição no número de linhas que circulam, e os trens urbanos seguem com operação suspensa.

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