SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Na semana em que ecoou o mais recente relatório do painel científico do clima da ONU (IPCC, na sigla em inglês), com alertas sobre a necessidade de tomada de ação urgente para reverter os piores cenários das mudanças climáticas, a Hora do Planeta, movimento global de conscientização sobre a crise ambiental, pretende registrar um recorde de participação neste sábado (25).

A proposta inicial do movimento, que nasceu em Sidney, na Austrália, em 2007 e chegou ao Brasil dois anos depois, era apagar as luzes por uma hora, a partir das 20h30, como forma de conscientização sobre a crise climática.

A campanha, capitaneada pela ONG internacional WWF, se alastrou pelo mundo e recebeu a adesão de mais de cem países. Monumentos famosos como o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, a Torre Eiffel, em Paris, e a Ópera de Sidney são apoiadores da iniciativa desde o início, que também mobiliza empresas, escolas, comunidades e prefeituras.

Neste ano, a ideia é ir além de apagar as luzes por uma hora no sábado à noite. A ideia é persuadir milhões de pessoas em todo o mundo a realizar qualquer ação, individual ou coletiva, em prol do planeta, por 60 minutos no sábado a partir das 20h30.

"O mote deste ano é 'Dedique uma hora para o planeta'. Vale desligar as luzes, mas também envolver família e amigos em um mutirão de limpeza na comunidade ou fazer uma ação de educação ambiental", diz Giselli Cavalcanti, analista de engajamento do WWF Brasil.

A organização recomenda que as atividades sejam cadastradas no site da Hora do Planeta para que a mobilização atinja recorde de participação. A proposta do WWF este ano é acumular um "banco de horas" de mais de 60 mil horas de atividades em prol do ambiente, de modo a causar um impacto maior.

Até o momento, a ONG contabiliza 52 mil horas de promessas de contribuição de pessoas e empresas de 137 países.

No Brasil, a adesão triplicou na última semana e já foram cadastradas mais de 420 ações e a participação de 65 empresas.

Entre elas, estão atividades presenciais e virtuais de grupos de escoteiros nas cinco regiões do país, palestras em escolas sobre pegada ecológica, mutirão de coletas de materiais recicláveis e ações de conscientização sobre uso de água e energia. E sim, o Cristo Redentor, parceiro da iniciativa desde 2013, terá suas luzes apagadas mais uma vez.

A mudança para esse formato de "banco de horas" partiu da necessidade do movimento de se reinventar, segundo Cavalcanti. A mobilização tem sido contínua nos últimos anos, mesmo durante a pandemia de Covid, mas o WWF percebeu que era preciso ir além da mensagem de apagar as luzes.

"As principais crises ambientais do nosso tempo, do clima e da biodiversidade, só pioraram desde 2007, mas temos a oportunidade de engajar para aumentar a ação antes que se tornem irreversíveis, como coloca o mais recente relatório do IPCC", diz.

Segundo ela, os alertas dos cientistas do painel do clima da ONU se conectam com a Hora do Planeta por serem ambos um chamado para a ação e uma cobrança para que políticos e empresas tomem medidas mais efetivas para frear os impactos ambientais.

A mudança de estratégia de mobilização da Hora do Planeta é bem-vinda, pois pode gerar ações em cadeia, na visão de Marcus Nakagawa, professor doutor e coordenador do centro de desenvolvimento socioambiental da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).

"É importante trazer a Hora do Planeta como uma atitude pessoal e promover a perpetuidade do dia até que vire um hábito, para que as pessoas se mobilizem para parar e fazer algo pelo ambiente", diz Nakagawa, que é autor do livro "101 Dias com Ações Mais Sustentáveis para Mudar o Mundo" (editora Labrador).

Ao mesmo tempo, manter o apagão das luzes segue como uma forma de chamar atenção para o tema -especialmente quando prefeituras aderem e desligam a energia de prédios públicos e monumentos--, mas, na visão de Nakagawa, o ato deve vir ancorado na promoção de ações mais sistêmicas envolvendo a população local.

"Os governos municipais têm um grande poder de multiplicação da festividade", diz.

O projeto Planeta em Transe é apoiado pela Open Society Foundations.


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