RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, convidou as atrizes e roteiristas que denunciaram o ex-diretor do departamento de humor da Globo Marcius Melhem por assédio sexual para um reunião em Brasília, na próxima terça-feira (4). O ator e humorista sempre negou que tenha assediado suas colegas.

Entre as convidadas que já confirmaram a sua participação no encontro estão as atrizes Dani Calabresa, Maria Clara Gueiros, Georgiana Góes, Veronica Debom e Renata Ricci, as roteiristas Carolina Warchavsky e Luciana Fregolente e a diretora Cininha de Paula.

A ideia, de acordo com pessoas ligadas ao ministério, é promover um debate sobre o enfrentamento ao assédio sexual e apresentar às atrizes uma proposta para a construção de um marco normativo para combatê-lo no ambiente de trabalho. Os debates que antecederam a Lei Maria da Penha seriam uma inspiração para a rodada de conversas.

O convite para a reunião é feito pelo governo Lula num momento em que o caso voltou a ganhar destaque no noticiário. Na semana passada, quatro mulheres e sete testemunhas do caso Marcius Melhem mostraram, pela primeira vez, suas identidades e reforçaram as acusações de assédio sexual contra o ex-diretor, em entrevista concedida ao jornalista Guilherme Amado, do site Metrópoles.

Segundo o grupo, a decisão se deu porque as vítimas estariam passando por um processo de descredibilização, o qual seria capitaneado por Melhem.

A Dani Calabresa se juntaram as atrizes Renata Ricci, Georgiana Góes, Veronica Debom e Maria Clara Gueiros, as roteiristas Luciana Fregolente e Carolina Warchavsky, os diretores Mauro Farias e Cininha de Paula, além dos atores Marcelo Adnet, ex-marido de Dani, e Eduardo Sterblitch.

Num vídeo, as atrizes afirmam que, durante as gravações, Melhem forçava beijos de língua, encostava nos colegas com o pênis ereto e manipulava seus subordinados, como se nada daquilo passasse de uma brincadeira.

Melhem rejeita todas as acusações, embora diga acreditar que pudesse ter se comportado de outra maneira. "Em perspectiva, tive comportamentos e fiz brincadeiras que, como chefe, eu não faria", afirmou. "Nunca encostei pênis ereto ou forcei beijo, no ambiente de humor acontece brincadeira para caramba." Em dado momento, o ator chegou a classificar como golpe a acusação de assédio sexual.

Melhem disse que deveria ter tido um treinamento da Globo para ser chefe, por não estar acostumado com a posição hierárquica de comando. Também afirmou ser absolutamente normal misturar as vidas profissional e pessoal, num ambiente de criação artística. "Foi uma acusação construída, e ela foi mal construída", disse ele.

Na semana passada, o também ator voltou a criticar a reportagem da revista Piauí, de fevereiro do ano passado, que trouxe relatos de assédio sexual, nos bastidores de gravações de programas da TV Globo.

"Impressão que ninguém aprendeu nada com a Piauí. Acreditam numa entrevista montada, ensaiada e sem prova alguma. A edição mais tendenciosa que já vi. Perguntas para ajudar os 11 e para mim um verdadeiro debate, cortando minhas respostas e nomes mais incômodos", escreveu ele

A primeira denúncia contra Melhem foi feita pela atriz Dani Calabresa, em 2019. Mas foi mantida em segredo e veio a público, sem muito alarde, como um caso de assédio moral.

No ano seguinte, a advogada Mayra Cotta, representando 12 pessoas, afirmou à coluna que Melhem tinha agido de forma violenta contra as atrizes. E relatou a série de denúncias que existiam contra ele, a maior parte delas de assédio sexual.


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