SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Ao redor do monumento a Duque de Caxias, alguns frequentadores aproveitavam a última quinta (30) na Princesa Isabel, nos Campos Elíseos, no centro de São Paulo. Porém, para isso, precisavam ignorar alguns sinais de abandono do espaço, recém-promovido a parque e que por algum tempo abrigou a cracolândia.
Na tarde do dia seguinte, cinco pessoas jogavam bola na quadra existente na área, vizinha à avenida Rio Branco. Mesmo sem traves, os jovens improvisaram quatro pedras como balizas para o gol.
"É um descaso. Todos os dias eu chego do trabalho e venho para cá. Aqui é nossa casa, é a nossa comunidade. Mas o sentimento é de revolta, a gente paga imposto muito caro para estar dessa forma", disse o empresário Deyvson Lopes, 30.
O filho dele, um menino de 12 anos, também estava ali na companhia de amigos. O estudante classificou como constrangedora a situação da quadra.
O garoto relembrou o dia em que ele e os colegas foram furtados por pessoas que chegaram dizendo querer jogar bola e, no final, pegaram os chinelos deles de um canto da quadra e fugiram.
Ainda na sexta, adultos e crianças brincavam perto de duas madeiras que um dia já puderam ser chamadas de tabela de basquete. As estruturas perderam os aros.
No ano passado, a área serviu de ponto da cracolândia por quase dois meses, até os usuários serem expulsos do local em uma ação da Polícia Civil na madrugada de 11 de maio. Os dependentes migraram, então, para outros pontos do centro, até se fixarem recentemente em ruas da Santa Ifigênia.
Na Princesa Isabel, a partir dali, o que se viu foram muitos carros de polícia e a instalação de grades para cercar a área verde.
Procurada, a gestão Ricardo Nunes (MDB) disse que, desde fevereiro do ano passado, a área recebe obras de revitalização, visando transformá-la em um local limpo e agradável para moradores, turistas e comerciantes.
A ação faz parte do processo de transformação da praça em parque, conforme lei sancionada em junho do ano passado.
Enquanto essas ações ainda não são concluídas, frequentadores se deparam com alguns problemas. Com a chuva que caiu na sexta, por exemplo, uma parte da área de passeio perto de quadra foi tomada pela água, tornando impossível caminhar pelo local.
Em uma das visitas da reportagem ao espaço, no dia 16 deste mês, só o entregador Rodrigo Belvoir Fagundes, 39, ocupava a quadra, pondo em dia seus golpes de boxe.
"Sou nascido e criado [na região]. É uma praça centenária, sempre teve banco. O povo não vem porque não tem lugar para sentar. Gramado desleixado, o povo acaba se afastando", disse Fagundes. "Precisa limpar, nem que seja uma vez por semana."
Entre os problemas visíveis estão: mato alto, sujeira, abandono do tanque de areia, piso irregular em algumas partes, além de equipamentos quebrados.
Em nota, a prefeitura afirmou que uma equipe de limpeza estaria no local na última quinta (30). No entanto, um dia depois, a reportagem não viu alterações significativas no espaço.
A administração municipal enviou, então, fotos de uma limpeza efetuada na noite de quarta (29). O serviço de corte de grama, porém, não foi feito e tampouco foi informada a data de quando isso ocorreria.
A prefeitura disse também que vai ampliar os exemplares arbóreos, reformar os canteiros e efetuar a manutenção no sistema de drenagem de águas pluviais. E acrescentou que realiza diariamente a limpeza, varrição, lavagem e manutenção do espaço.
Ainda segundo a gestão Nunes, está em licitação a contratação de uma empresa para reformar a área de passeio e a quadra e, então, para implantar um playground e uma área para pets.
Esse processo, entretanto, está atrasado.
De acordo com nota enviada à reportagem, esse certame estava previsto para ocorrer entre novembro e março deste ano. Questionada sobre esse ponto, a Subprefeitura Sé respondeu somente que o processo de licitação está em andamento.
Na tarde de quarta (29), apenas um homem se exercitava no parque, o autônomo Francisco da Costa, 58. Para ele, está fácil ajustá-lo.
Nos dias 16, 29 e 31 de março, em que a Folha esteve na Princesa Isabel, apenas a GCM (Guarda Civil Municipal), por parte da prefeitura, se fazia presente, para evitar a volta de moradores de rua ou de dependentes químicos. O espaço também conta com uma base de alvenaria da Polícia Militar.
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