RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Mais de 21 mil pessoas precisaram deixar suas casas por causa das enchentes provocadas pelas chuvas que atingem o Acre há mais de uma semana. Ao todo, o governo do estado contabiliza neste sábado (1º) 18.232 desalojados e 3.195 desabrigados.
Seis cidades estão em situação de emergência: Rio Branco, Assis Brasil, Brasileia, Epitaciolândia, Xapuri e Sena Madureira. Somente na capital são 90 bairros afetados. Com a cheia, 3.643 ocorrências foram registradas pelo Corpo de Bombeiros.
Neste sábado, o nível do rio Acre chegou a 17,58 metros, quase 4 metros acima da cota de transbordo (14 metros). O manancial transbordou no último dia 23, e desde então o nível continua subindo.
A marca fica atrás apenas da cheia histórica de 2015, quando o rio chegou a 18,4 metros. A enchente de 2023 já é considerada uma das maiores desde que começou o monitoramento, em 1971.
Dados da Defesa Civil de Rio Branco mostram que a capital encerrou o mês de março com um acumulado de 585,9 mm de chuva. Esse volume é mais que o dobro da média esperada, que era de 270,1 mm. No mesmo período de 2022 choveu 431,3 mm.
As famílias afetadas estão sendo atendidas e encaminhadas para casa de familiares, abrigos em escolas e também para o parque de exposições de Rio Branco, segundo o coordenador da Defesa Civil Estadual, coronel Carlos Batista. Na capital, foram instalados 29 abrigos.
O governo local afirma que montou uma força-tarefa para resgatar famílias que ficaram ilhadas e entregar alimentos e medicamentos. Funcionários públicos que tiveram suas casas afetadas vão receber antecipação de parcela do 13° salário, e parte da população vai receber aluguel social.
"Estamos tomando importantes medidas como a retomada do Cartão do Bem, um auxílio emergencial que deve socorrer mais de 10 mil famílias. Pagaremos o aluguel social e liberaremos metade do 13º e a cota de um terço das férias para os servidores públicos atingidos pela enchente", disse o governador do Acre, Gladson Cameli (PP).
Nesta sexta (31), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) liberou R$ 300 milhões para 1.500 cidades atingidas. No Twitter, Lula disse que conversou com o governador para ajudar no atendimento às regiões atingidas pela enchente.
Também nas redes sociais, Gladson Cameli agradeceu a preocupação do presidente e pediu que Lula inclua o estado em sua agenda institucional.
No último domingo (26), os ministros da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e do Meio Ambiente, Marina Silva, e o secretário nacional da Defesa Civil, Wolnei Wolff, sobrevoaram as áreas alagadas. Eles também percorreram os bairros, conversaram com moradores e prometeram ajuda humanitária.
Para arrecadar doações para a população afetada, o governo do estado lançou a campanha Juntos pelo Acre. As doações podem ser entregues no Colégio Estadual Barão do Rio Branco, no centro da cidade, das 8h às 20h.
Além disso, órgãos públicos se juntaram para agilizar a emissão de documentos perdidos pelos moradores. A partir desta segunda (3), uma central de atendimento vai funcionar na Defensoria Pública do Estado, das 13h30 às 17h30. O atendimento seguirá até o dia 5 e, depois, entre 10 e 14 de abril.
**SAÚDE E MOBILIDADE**
Por causa da cheia, cinco unidades de saúde foram fechadas na capital nesta sexta e sábado: as Uraps Augusto Hidalgo de Lima, no bairro Palheiral, e Eduardo Assmar, no bairro Quinze; e as Unidades de Saúde da Família Triângulo Novo, Belo Jardim 3 e Aeroporto Velho.
Segundo a prefeitura, a medida foi tomada por questão de segurança, uma vez que a água já atinge as unidades.
Na manhã deste sábado, a rua 24 de Janeiro, que dá acesso ao segundo distrito de Rio Branco pelo centro da cidade, foi interditada por causa da elevação no nível do rio. O BPTran (Batalhão de Policiamento de Trânsito) informou que, se a água continuar subindo, a Via Chico Mendes também deverá ser interditada.
A ponte Juscelino Kubitschek, conhecida como ponte Metálica, continua interditada desde segunda-feira (27) por medida de segurança. Enquanto isso, o tráfego na ponte Coronel Sebastião Dantas segue com dois sentidos. A orientação dos órgãos de trânsito, no entanto, é que as pessoas evitem trafegar pela região sem necessidade.
Em caso de emergência, a população pode entrar em contato com o Centro Integrado de Operações Públicas, por meio do 193.
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