SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os benefícios de uma noite de sono profunda para "reiniciar" o sistema nervoso, manter uma boa saúde do coração e para o desenvolvimento cognitivo já são conhecidos.

Agora, um novo estudo sugere que um bom sono pode ajudar na produção de anticorpos após a vacinação. Mais ainda, a pesquisa mostra uma redução clara na resposta imune em pessoas que dormem seis horas ou menos antes da imunização.

Apesar de não ter incluído dados da vacina da Covid, os autores do estudo afirmam que a queda de anticorpos provocada por uma noite de sono mal dormida equivale ao decaimento natural que ocorre dois meses após a imunização com vacinas de RNA --levando em consideração somente o nível de anticorpos em circulação no corpo, e não a resposta imune celular, que é descrita como mais duradoura.

O estudo foi publicado na revista especializada Current Biology no último dia 13 e teve colaboração de pesquisadores da Alemanha, França, Reino Unido, Suécia e Estados Unidos.

Para analisar os efeitos do sono na vacinação os cientistas fizeram uma meta-análise (análise dos dados publicados em estudos anteriores, sem a coleta de novas informações) de sete estudos que avaliaram a relação de horas de sono com níveis de anticorpos do tipo IgG (imunoglobulina G, associada à resposta imune de memória) após a vacinação contra a gripe ou hepatite.

Como resultado, pessoas que tiveram seis horas ou menos de sono tinham uma menor capacidade de produzir anticorpos comparadas àquelas que dormiram mais horas.

Analisando ainda as diferenças entre homens e mulheres, as mulheres não apresentaram uma redução significativa da capacidade de produzir anticorpos após a vacinação associada às horas de sono. Já nos homens essa diferença foi estatisticamente significativa (95% de índice de confiança).

Por fim, a pesquisa excluiu pessoas com idade com 65 anos ou mais da análise, uma vez que nos indivíduos mais velhos já ocorre um fenômeno conhecido como imunossenescência, que é caracterizada por uma capacidade reduzida de resposta protetora devido ao sistema imune já "amadurecido".

De acordo com os autores, as diferenças de sexo observadas podem ser relacionadas às questões hormonais, uma vez que mulheres possuem diferenças metabólicas importantes relacionadas ao ciclo menstrual, mas para afirmar isso seria precisa isolar os fatores que podem influenciar a produção de anticorpos, e o estudo não se propôs a isso no final.

Como conclusão, os pesquisadores afirmam que o estudo apresenta evidências importantes do papel do sono na resposta imune. "Como sugere o estudo, quantidades adequadas de sono [pelo menos seis horas por noite] durante os dias que antecedem a vacinação podem potencializar a resposta humoral [de anticorpos] para diversas formas de vírus. Tal recomendação de obter um sono adequado está de acordo com outras recomendações similares e pode ser uma forma eficaz e sem custo de fortalecer o sistema imune", dizem.


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