SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um restaurante de culinária árabe na avenida Rio Branco está entre os estabelecimentos atacados por usuários de drogas nas imediações da cracolândia, no centro de São Paulo na manhã do domingo de Páscoa (9). No dia anterior, uma farmácia e um minimercado vizinhos também foram alvos de saques.

Há sete anos no Brasil, o comerciante libanês Mahmoud Nazzal conta que a porta de ferro da loja foi quebrada ao meio pelos dependentes químicos, que entraram em bando e roubaram quase todos os eletrodomésticos da cozinha: fritadeira, micro-ondas, estufa, chapa, além de toda comida e bebida que estavam estocados. "Só não levaram a geladeira e o freezer", diz. Uma televisão, duas bicicletas de entregadores e um computador também foram roubados.

Nazzal se mudou para o Brasil após insistência dos irmãos que já viviam em São Paulo e administravam o restaurante Rosa Delícias Árabes. "Em menos de 20 minutos, tivemos R$ 22 mil de prejuízo", diz.

O empresário relata perda recorrente de clientes há ao menos oito meses, quando a cracolândia se espalhou pelas ruas do centro após operação policial na praça Princesa Isabel. "Eu sobrevivi à pandemia, consegui manter o movimento, mas vou fechar por causa da cracolândia", diz o empresário que migrou o negócio para a praça das Artes, na avenida São João --os dois espaços ficam a pouco menos de 1 km de distância.

"Toda vez um cliente era roubado ou tinha o vidro do carro quebrado", conta sobre a decisão de ter investido quase R$ 300 mil na reforma do novo estabelecimento. Reportagem da Folha de S.Paulo mostrou que a chegada dos usuários de drogas às ruas de Santa Ifigênia e Campos Elíseos levou dezenas de comerciantes a fecharem as portas.

A Polícia Civil trabalha com a hipótese de que a "revolta" dos usuários tenha sido causada em razão das ações da zeladoria, intensificadas no início do mês, com equipes de limpeza removendo barracas e outros pertences dos usuários e de traficantes.

Este seria o motivo também para os usuários de drogas terem ateado fogo a sacos de lixo e materiais recicláveis nas ruas do centro de São Paulo no domingo anterior (2).

Vídeos de moradores mostram os focos de incêndio nas ruas dos Gusmões e Conselheiro Nébias, no bairro Santa Ifigênia, onde há aglomeração de dependentes químicos.

A gestão Ricardo Nunes credita as ações de saques a furtos à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

"Esses saques são a resposta do crime organizado às iniciativas do poder público, que tem conseguido reduzir o comércio de drogas na região", disse o secretário-executivo de Projetos Estratégicos, Alexis Vargas, em texto publicado no próprio site da prefeitura.

De acordo com a 1ª Delegacia Seccional Centro, responsável pela região, os três ataques entre sexta-feira (7) e domingo resultaram na prisão de três pessoas em flagrante pelo crime de furto. Duas delas foram detidas após entrar no minimercado.

Além de saques e furtos, o entorno da cracolândia registrou uma outra cena de violência. Por volta das 20h de domingo, um motorista de 24 anos atropelou um homem na rua Conselheiro Nébias.

Conforme o boletim de ocorrência, o autor do atropelamento parou policiais militares que estavam na avenida Rio Branco com a rua dos Gusmões para relatar o ocorrido. Seu veículo, um Chevrolet Celta prata tinha avarias na funilaria e nos vidros.

A vítima foi socorrida por uma ambulância do Resgate do Corpo de Bombeiros à Santa Casa, onde ficou internada. O condutor do veículo passou por atendimento médico no pronto-socorro da Barra Funda.

O caso foi registrado como lesão corporal culposa na direção de veículo pelo 2º DP (Bom Retiro).


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