RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Censo divulgado pela Prefeitura do Rio de Janeiro nesta sexta-feira (14) aponta que 7.865 pessoas viviam em situação de rua em novembro do ano passado. O levantamento indica um aumento de 8,5% em relação a dois anos anteriores.

De acordo com os dados, 6.253 dormiram na rua e 1.612 estavam em instituições de acolhimento dessa população, como abrigos e comunidades terapêuticas.

"Nós estamos assistindo uma situação muito ruim no país. Assistimos às cenas [da cracolândia] em São Paulo, que também vivemos no passado aqui no Rio de Janeiro na avenida Brasil, com 400 pessoas correndo de um lado para o outro, com a polícia fazendo uma ação truculenta. Ainda há cracolândia, mas não temos mais aquela situação. Precisamos ter um patamar civilizatório para tratar dessa questão no país", afirmou o secretário municipal de Assistência Social, Adilson Pires (PT).

O resultado do censo indica um aumento de 8,5% em relação ao primeiro censo do tipo com metodologia semelhante, realizado em 2020. O crescimento confirma a percepção de 8 em cada 10 moradores do Rio de Janeiro entrevistados pelo Datafolha no ano passado.

De acordo com o censo, o perfil majoritário dessa população é masculina (82%), preta ou parda (84%), com ensino fundamental incompleto (64%), com idade média de 31 anos.

A pesquisa foi realizada entre os dias 21 e 25 de novembro e adotou como critério pessoas que dormiram ao menos uma noite em situação de rua nos dias anteriores, excluindo casos fortuitos. Pessoas que frequentam as ruas para obter renda, mas não pernoitam, não foram consideradas no levantamento.

"Para além de quantos são, o nosso maior objetivo é entender de onde eles vêm, por onde eles passam, e quem eles são. O objetivo é melhorar e qualificar o atendimento, afirmou Andrea Pulici, diretora de Projetos Especiais do Instituto Pereira Passos, que participou do planejamento do censo.

Entre os entrevistados considerados em situação de rua, 40% declararam ter ficado ao menos um dia inteiro sem comer na semana anterior. Doações foram a fonte de alimentação de 47% dessa população, enquanto 1,2% disse ter coletado lixo para comer.

A principal fonte de renda declarada foi a catação de material reciclável (57,7%), seguido do comércio informal como camelô ou ambulante (20,7%).

A grande maioria (83%) declarou ter usado droga no período pesquisado, sendo as mais comuns o tabaco (28%) e álcool (24%), seguido de maconha (17%), cocaína (15%) e crack (12%).

A principal razão declarada pelos entrevistados para estar em situação de rua foi a existência de conflitos familiares (43%), seguido de alcoolismo ou uso de outras drogas (22%). Emprego (41,2%) foi apontado como a maior necessidade para deixar as ruas, seguido de moradia (17,5%).

"O censo é uma ferramenta fundamental. Dá a possibilidade de definir políticas públicas mais específicas para cada situação. A política para uma família na rua é diferente daqueles que estão numa cena de uso de drogas", afirmou o secretário.


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