SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Passageiros no terminal internacional do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, têm fotografado e embalado as malas com plástico para aumentar a segurança. Eles temem que a bagagem acabe trocada, a exemplo do ocorrido com duas brasileiras que ficaram 37 dias presas na Alemanha sob a acusação de transportar 40 kg de cocaína.
As brasileiras Kátyna Baía, 44, e Jeanne Paolini, 40, chegaram a Goiânia nesta sexta (14), após ficarem presas por mais de um mês em Frankfurt, na Alemanha.
"Elas já conseguiram matar a saudade dos familiares mais próximos e dos cachorros", disse a advogada Luna Provázio, que voltou ao Brasil com elas.
Com medo de trocarem as etiquetas de suas malas, muitos passageiros optam por plastificá-las, enquanto outras apenas fotogravam seu conteúdo Investigação da Polícia Federal apontou que as etiquetas das duas malas do casal foram colocadas em bagagens com a droga. Até o momento, seis pessoas foram presas por suspeita de participar do esquema.
No embarque internacional do aeroporto de Guarulhos, vendedores do serviço de embalagem plástica para malas disseram que o movimento aumentou. Em um quiosque, passou de 50 atendimentos por turno -do início da manhã até o almoço, por exemplo- para 80 ou 100, em um dia com mais movimento.
O preço no quiosque custa R$ 109 e um funcionário garantiu que o serviço é realizado sob a vigilância de um "big brother", por causa das câmeras que captam todos os ângulos durante a execução da tarefa.
No golpe que trocou as malas de Kátyna e Jeanne, um dos suspeitos fazia a troca de etiquetas das malas em um ponto cego da câmera de segurança da área de bagagens.
Entre os prevenidos, a servidora pública aposentada Ivete, 70, disse que embalava a mala antes de saber do caso porque "quem tira coisa pode querer botar também." Moradora de Belém, no Pará, ela seguia de férias para Lisboa e Roma.
Já Niralda dos Santos, 55, que viajava com a filha, Solange, não achou necessário embalar as malas com plástico. Nem com os vendedores informais, que cobram até um quinto do valor dos quiosques.
"Não estou preocupada. Fiz bonitinho, com todas as fotos, então em qualquer situação consigo provar que uma mala diferente não é minha", disse ela, em referência ao esquema de troca de identificação de bagagens.
Ela disse que fotografou a mala em casa e no aeroporto. Corria com Solange para o portão de embarque, rumo à Colômbia. "Com isso, dá para viajar tranquilo."
A aposentada Marta Fernandes, 50, ia para Portugal e também optou pela foto. "Mas é a primeira vez, espero que dê tudo certo."
O passageiro Jaime Rodrigues, 38, disse que se sentiu obrigado a embalar a bagagem por causa da sensação de insegurança. "Dizem que a companhia protege, mas na prática...", afirmou.
Para ele, que mora em Guarulhos, e embarcou para a Itália às 14h, falta uma definição de quem vai zelar pelas bagagens e proteger vítimas do golpe, que ele acha ser frequente. "A gente paga caro na passagem para acontecer isso. Se não é um caso com muito barulho, a pessoa fica presa."
Embora os presos pela Polícia Federal sejam todos de companhia terceirizada do aeroporto de Guarulhos, a GRU Airport, que administra o aeroporto, afirmou em posicionamento anterior que a responsabilidade pelas bagagens, da mão do cliente à aeronave, é das companhias aéreas.
Na terça (11), o Ministério Público Federal abriu inquérito para apurar falhas de segurança no manejo de bagagens no aeroporto.
O órgão pediu informações à Polícia Federal, às companhias Gol Linhas Aéreas e Latam Airlines, à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), à GRU Airport e à Orbital, que opera o setor de bagagens no aeroporto.
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