SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Prefeitura de São Paulo reduziu a largura da ciclofaixa da avenida Rebouças, na zona oeste, após recapeamento da via. Em vários trechos, a faixa exclusiva para bicicletas não atende as dimensões mínimas determinadas pelo manual de sinalização da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), representando risco para os ciclistas.

"É muito complicado passar por aqui, porque os carros entram na avenida e não veem a gente. Como a pista é estreita, não dá pra desviar", disse Cássio Gonçalves Júnior, 22, que trabalha entregando água na região de Pinheiros, bairro colado à Rebouças.

Ele conta que sofreu um acidente nesta segunda (8), quando foi fechado por um motorista. "Caí da bicicleta e fiquei com a mão ralada, felizmente não aconteceu algo pior."

No trecho indicado por ele como local do acidente o ciclista tem apenas 45 centímetros para se locomover, apesar de a regra atual determinar que ciclofaixas de sentido único devem ter largura útil de pelo menos 1 metro, sem considerar a sarjeta.

A reportagem constatou que as dimensões mínimas não são atendidas em vários trechos da avenida, uma das mais movimentadas da capital. O trânsito intenso e a disputa por espaço com motociclistas, ônibus e ambulâncias frequentemente leva motoristas a invadirem a área da ciclofaixa. Aos ciclistas resta se recolher à sarjeta, insegura em razão do desnível com a pista, ou se arriscar em meio aos demais veículos.

Procurada, a Prefeitura de São Paulo disse que não houve alteração nas dimensões do projeto original da ciclofaixa e que uma equipe vai vistoriar o corredor, em ambos os sentidos, para assegurar que a pintura seguiu a largura projetada. Caso seja identificada alguma irregularidade, esta será corrigida, afirmou a gestão Ricardo Nunes (MDB).

A entregadora Katellyn Santana, 25, diz que não se sente segura ao transitar pela Rebouças. "Ficou bem apertado, os carros passam rente demais [aos ciclistas]. Dá até medo de bater no retrovisor."

Implantada em 2020, durante a gestão de Bruno Covas (PSDB) na prefeitura, a ciclofaixa da avenida Rebouças era uma demanda antiga de cicloativistas.

"Mesmo antes, já era uma via muito utilizada por ciclistas. Depois da faixa exclusiva, houve um incremento importante desse público", afirma Simone Penninck, integrante do coletivo Bike Zona Oeste.

Para o especialista em mobilidade urbana Luiz Vicente de Mello Filho, o estreitamento da ciclofaixa reduz significativamente a segurança oferecida aos ciclistas, sobretudo por se tratar de uma avenida com alto fluxo de veículos leves e pesados.

"Com isso, a tendência é desestimular o uso dessa modalidade de transporte. Com o risco maior, as pessoas vão pensar duas vezes antes de sair de bicicleta", disse o engenheiro de tráfego, que defende a elevação da ciclofaixa para o nível da calçada como forma de aumentar a segurança.

Desde que foi instalada a ciclofaixa da Rebouças é alvo de críticas por associações de profissionais de motofrete, que alegam que o espaço das outras pistas foi reduzido.

Em encontro com representantes da categoria em novembro passado, o prefeito Ricardo Nunes disse que havia solicitado estudos para a implementação da faixa azul para motos na avenida. Questionada, a administração municipal disse, em nota, que "não há autorização da Senatran [Secretaria Nacional de Trânsito] ou estudos da CET para a implantação da faixa azul na avenida Rebouças".

Nesta terça-feira, em reunião da Câmara Temática da Bicicleta, o secretário municipal de Mobilidade e Trânsito de São Paulo, Ricardo Teixeira (União), foi questionado sobre o estreitamento da ciclofaixa da Rebouças. "Ele disse, sem se alongar, que já solicitou fiscalização e correção, se for necessário", relatou Penninck, do coletivo Bike Zona Oeste.


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