SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O registro de um encontro entre Arthur, menino de 4 anos com paralisia cerebral, e sua melhor amiga Heloísa gerou comoção nas redes sociais.

A mãe de Arthur, Laura Nascimento, publicou um vídeo do encontro entre os dois amigos no dia 13 de maio. As imagens, que contam com mais de 750 mil visualizações, emocionaram os usuários pelo carinho demonstrado entre as crianças.

Essa foi a primeira vez que Heloísa visitou Arthur em sua casa. Ele mora em Teresina, no Piauí, com seus pais e seu irmão, Henrique.

"Que amizades como a do Arthur e da Heloísa inspirem pais a estimular e valorizar a amizade e o respeito às crianças com deficiência", disse Laura na publicação. "Incentive a convivência com pessoas com deficiência, trate a pessoa com deficiência sem rótulos."

Arthur foi diagnosticado com paralisia cerebral aos 5 meses de idade. À reportagem, Laura contou que teve um descolamento de placenta na gravidez em decorrência de uma emergência obstétrica. "Ele nasceu muito prematuro, de 30 semanas. Ele ficou na UTI e, quando saímos, a gente descobriu que ele ficou com lesões cerebrais, que foram sequelas da prematuridade e, em algum momento, faltou oxigênio no cérebro dele", explicou.

Laura é advogada e se especializou em Direito da Saúde após o diagnóstico do filho. A mãe conseguiu judicialmente que o filho fizesse tratamentos intensivos de fisioterapia.

"Como eu era servidora pública e pude advogar, eu fui atrás de me especializar nessa área [Direito da Saúde]. Estudei bastante para entrar com ação dele. A ação dele foi minha primeira no Direito da Saúde. Consegui todo o tratamento dele pelo plano de saúde", contou.

A família de Arthur viu a necessidade de colocá-lo na escola, mesmo com "todos os medos" envolvendo uma criança com deficiência em um ambiente escolar.

"Será que as outras crianças vão aceitar? Será que ele vai sofrer? Será que vai ter preconceito? Será que ele vai saber o que está sentindo? Será que vai ter alguém para cuidar dele?", se perguntavam.

Após indicações de outras mães que vivem a mesma situação, Arthur foi colocado em uma escola no meio do ano passado, com 4 anos de idade. Na turma, já estava a pequena Heloísa.

"Quando ele entrou, a Heloísa demonstrou um carinho muito grande por ele, já queria ficar todo o tempo do lado dele, em todas as apresentações ela queria estar do lado dele e sempre ajeitando e cuidando dele", disse a mãe.

Além da amizade dos dois, Laura relatou que toda a turma "foi muito receptiva", o que acabou sendo "uma surpresa muito grande".

Quase um ano após a amizade, Arthur pediu para a mãe para deixar Heloísa ir até a casa deles, já que ele via os amigos do irmão dele irem para lá também.

"Um dia ele falou: 'Helô brincar aqui'. A gente chamou e a mãe dela prontamente disse que deixaria ela aqui, ela veio, passou o dia aqui e foi uma coisa linda. Cuidou dele, inseriu ele em tudo, deu picolé, brincou, beijou e abraçou. É uma criança realmente fora do sério. Foi um dia maravilhoso. Ela não queria ir embora, queria ir embora só à noite e ele também não queria que ela fosse embora. Foi emocionante para gente, vimos como as crianças são puras e como ela enxerga ele", relata.

Ela não esperava tanto sucesso após gravar o dia de Arthur e Heloísa e postar na internet. "Fiz um vídeo mostrando esse dia deles, postei no TikTok e fui dormir. No outro dia, meu marido disse que estava com mais de 300 mil visualizações", lembrou.

Laura disse ter visto todo tipo de comentário, mas todos muito positivos.

"Levei um susto. Muitos comentários lindos, muitas pessoas dizendo que foi a melhor coisa que viu no dia, melhor vídeo da vida, que ainda tinha esperança no mundo e, ao mesmo tempo, vi muitas mães com filhos com deficiência comentando que o sonho delas era que os filhos tivessem amigos como a Helô. Muitas vezes, eles são excluídos", afirmou Laura.

Atualmente, Laura afirmou que possui um escritório onde atende processos que envolvem os direitos de crianças com deficiência a terem tratamento pelo SUS ou planos de saúde. Com isso, ela já conseguiu ajudar cerca de 100 crianças a terem tratamento.


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