BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, voltou a negar ter havido tortura ou que pessoas tenham sido executadas em megaoperação policial na Baixada Santista.
"Não passa de narrativa. Eu não estou querendo politizar ou polemizar, estou respondendo. Essas narrativas de que houve tortura, de que foram executados. Todos os exames do Instituto Médico Legal, as necropsias não apontam nenhum sinal de violência, muito menos de tortura", afirmou Derrite.
"É um documento oficial. Então, senhores, o que existe é pela primeira vez no estado de São Paulo um governador que tem coragem de enfrentar o crime organizado", continuou o secretário.
A megaoperação policial, alvo de denúncias de moradors, já deixou 16 mortos, de acordo com o governo estadual. A ação é a mais violenta da PM paulista desde o massacre do Carandiru, em 1992, episódio que terminou com a morte de 111 detentos após rebelião no presídio.
Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, a operação tem indícios de chacina. Entre os relatos de Guarujá que estão sendo apurados por diferentes órgãos está o de um homem torturado e queimado com cigarro, e uma promessa feita por policiais de 60 mortes na cidade.
As declarações de Derrite foram dadas durante sua participação em sessão da CPI do MST na Câmara dos Deputados. Ele foi convidado para tratar das ações do governo estadual diante de casos invasão de terras em São Paulo.
Na comissão, o secretário foi questionado sobre a megaoperação pela deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP). Ela classificou a ação como "a segunda maior chacina da história de São Paulo" e disse que há "relatos de requintes de crueldade".
"Não admito que se faça demagogia sobre a morte de nenhum trabalhador de segurança pública para justificar uma chacina. Não há nenhuma prova que qualquer uma dessas pessoas assassinadas no Guarujá tenha alguma coisa a ver com assassinato desse policial", disse Sâmia.
A ofensiva policial na região foi motivada pelo assassinato de um soldado da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, força de elite da PM) na semana passada.
Derrite já havia descartado torturas e negado um possível abuso de força relatado por moradores de Guarujá durante a megaoperação. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) também vem negando excessos e defendido a atuação da PM. "Não existe combate ao crime organizado sem efeito colateral", disse Tarcísio na última terça-feira (1º).
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