SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A partir desta sexta-feira (4), milhares de pessoas se reunirão em Belém (PA) para discutir o que se espera do futuro da maior floresta tropical do mundo.
Até segunda-feira (6), a sociedade civil se reúne nos Diálogos Amazônicos, uma série de eventos para discutir políticas públicas para a região. O resultado dos debates será entregue aos líderes dos oito países que abrigam o bioma, que se encontrarão na Cúpula da Amazônia, nos dias 8 e 9.
A preocupação com o possível colapso da floresta devido ao desmatamento desenfreado e o fomento à bioeconomia estão entre as principais demandas de ONGs e outras entidades. Os pedidos fazem parte de cartas de intenções emitidas nos últimos dias e são direcionadas aos chefes de Estado de Brasil (Lula), Bolívia (Luis Arce), Colômbia (Gustavo Petro), Equador (Guillermo Lasso), Guiana (Irfaan Ali), Peru (Dina Boluarte), Suriname (Chan Santokhi) e Venezuela (Nicolás Maduro).
Um grupo de 52 organizações da sociedade propõe a inclusão de um protocolo no Tratado de Cooperação da Amazônia para adoção de um acordo multilateral para evitar que o bioma atinja o ponto de não-retorno. A partir deste estágio, segundo estudos, com o desmate de 20% a 25% da área total, a floresta se converte num ecossistema empobrecido e não tem mais a capacidade de se recuperar.
De acordo com o Observatório do Clima, que organiza o protocolo, hoje a Pan-Amazônia já perdeu 15% de sua cobertura vegetal original. No Brasil, que abriga 60% do bioma, a perda já foi de 20%.
O texto propõe que sejam consideradas medidas como a fiscalização das fronteiras e a transferência de tecnologia. Aponta, ainda, que impedir o colapso da Amazônia depende da eliminação do desmatamento até 2030, do reconhecimento de territórios de populações tradicionais, da expansão de áreas protegidas e do combate aos crimes ambientais.
Outra proposta, da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, destaca a importância da cooperação internacional para fortalecer políticas de fiscalização aliada à oferta de alternativas econômicas sustentáveis àqueles que tiram seu sustento do desmatamento e outros ilícitos ambientais.
O grupo, que inclui mais de 350 representantes do setor privado, financeiro e academia, aponta que dar escala à bioeconomia, regular o mercado de carbono e fomentar a agricultura de baixo carbono são vetores importantes para a geração de emprego e renda na região.
O texto diz também que a OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica), que é formada pelos oito países, vai precisar de apoio internacional para superar os desafios da preservação do bioma e que o tema da bioeconomia deveria ser levado ao encontro do G20 em 2024, quando a presidência será do Brasil.
Ambos os documentos, que foram lançados nesta quarta-feira (2), se juntam a outras propostas. Entre elas, a Rede Interamericana de Academias de Ciências ressalta a importância do conhecimento científico para encontrar soluções sustentáveis e basear políticas públicas para a Amazônia.
Já a Coalizão pelo Clima, Crianças e Adolescentes, junto com outras entidades, pede a priorização de crianças e adolescentes e da proteção da infância indígena no acordo final a ser firmado na cúpula ?que deve ser chamado de Declaração de Belém.
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