SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Usuários de drogas que estavam há cerca de um mês concentrados na rua dos Gusmões, na esquina da avenida Rio Branco, no centro de São Paulo, deixaram o local e voltaram a se aglomerar na rua dos Protestantes, a cerca de quatro quarteirões de distância, na região da Santa Ifigênia.

Na tarde desta segunda-feira (14), a Protestantes estava tomada por dependentes químicos. Uma equipe da GCM (Guarda Civil Metropolitana) acompanhava a movimentação. Moradores relataram para a reportagem que os usuários começaram a chegar na via na madrugada de sábado (12).

Os vizinhos do novo fluxo, como é chamada a aglomeração de dependentes químicos na cracolândia, já organizam uma passeata contra a migração.

A avenida Rio Branco estava policiada nesta segunda, com equipes da Polícia Militar paradas nas esquinas com a rua dos Gusmões e com a rua General Osório.

A rua dos Protestantes, entre a rua Vitória e a rua dos Gusmões, é de mão única e estreita. O perímetro abriga ferros velhos, pensões e um condomínio residencial.

A mudança de endereço da cracolândia ocorre após uma série de manifestações contra a presença dos dependentes químicos.

Na noite de sexta-feira (11) moradores de um condomínio no entorno da praça Júlio Prestes chegaram a bloquear a passagem de veículos no cruzamento das avenidas Duque de Caxias e Rio Branco assustados com a possível transferência do fluxo para a alameda Dino Bueno.

Segundo os moradores, eles viram pela televisão notícias de que o endereço seria o novo ponto da concentração de dependentes químicos, o que gerou a mobilização.

"Quando vimos isso na reportagem, a gente mobilizou os moradores para fechar a Dino Bueno para que aqui eles não voltem", disse a farmacêutica Luciana Lanzillo, 48. A alameda foi um dos endereços mais longevos da cracolândia.

Mesmo com a presença de policiais militares, um homem ficou ferido durante o ato ao levar uma pedrada no rosto.

Um dia antes, comerciantes da rua Santa Ifigênia realizaram um protesto em que fecharam as portas de suas lojas por algumas horas cobrando uma solução do poder público para o problema.

Na frente das lojas fechadas, foram fixados cartazes com os dizeres "Lute pela Santa Ifigênia" e "Lute pelo seu trabalho seguro". Foram distribuídos apitos entre os manifestantes que também seguravam cartazes com frases como "Queremos trabalhar".

Donos de lojas de eletrônicos da região dizem que a presença da cracolândia no local fez as vendas caírem drasticamente.

Proprietária de uma loja de artigos para celular na rua dos Gusmões a poucos metros de onde se encontrava o fluxo, Jucy Moura diz que pretende fechar o pequeno comércio, mas não tem dinheiro para pagar a multa de rescisão de contrato. "Tem dias que eu não vendo nada", diz.

A cracolândia tem passado por constantes mudanças de endereço nos últimos meses.

No final de julho, os usuários deixaram as ruas Conselheiro Nébias e Guaianases, em Campos Elíseos, e migraram para rua dos Protestantes, onde permaneceram por cerca de uma semana.

Na noite de 8 de julho, os dependentes químicos foram escoltados por policiais civis e militares e agentes da guarda-civil até uma área sob a ponte Governador Orestes Quércia, também conhecida como Estaiadinha, na marginal Tietê, nas proximidades da avenida do Estado.

O grupo de dependentes químicos, que classificou a ação do poder público como um sequestro, não ficou por um dia no endereço, retornando para a rua Conselheiro Nébias. Pouco dias depois, seguiram para o cruzamento da rua dos Gusmões com a avenida Rio Branco.


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