SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Uma jovem transexual foi encontrada morta com queimaduras e lesões pelo corpo na tarde da última quinta-feira (7) no bairro do Campo Limpo, na zona sul de São Paulo.
O corpo de Thallita Costa, de 21 anos, foi localizado na rua Boris Davidoff, a poucos metros de onde ela morava, informou a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo). A vítima foi encontrada sem vida horas após sair de casa.
Policiais militares foram acionados e localizariam Thallita já morta com lesões no rosto, no pescoço e ombros, além de várias queimaduras pelo corpo.
O caso foi registrado por policiais militares no 37º Distrito Policial do Campo Limpo somente após passarem por outros dois distritos policiais, informou a TV Globo. Não há informações sobre o porquê da mudança de delegacias pelos agentes antes do registro.
Consta no registro do caso que os policiais, ao chegarem no local, "identificaram tratar-se de um corpo em óbito caído em via pública. Que estava com lesões no rosto e marcas de sangue na boca e nariz. Que não há identificação no corpo, apenas que é uma mulher transexual."
Foram solicitados exames ao IC (Instituto de Criminalística) e ao IML (Instituto Médico Legal).
A ocorrência foi registrada como homicídio no 89º Distrito Policial (Jardim Taboão), que pediu assessoramento do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) para prosseguimento da investigação.
Thallita foi velada e sepultada nesta sexta-feira (8) no Cemitério São Luiz, também na zona sul da capital paulista.
"Thallita sempre foi uma amiga muito alegre, brincalhona. Era cabeça dura, mas tinha o lado doce, de estar sempre com as amigas", disse Bárbara Índia, amiga, à TV Globo.
POLÍCIA QUER SABER COMO PMS ACHARAM A CASA DA VÍTIMA
A família de Thallita deseja saber como os agentes encontraram e foram até a casa da jovem, sendo que ela foi achada sem documentos.
"Muito estranho que uma das policiais e um outro falou que não era pra falar que eles tinham ido na casa avisar [do óbito]. Até porque a Thallita saiu sem documento e a gente não sabe como eles acharam a mãe da Thallita, enfim, que morava naquele local e falaram que a gente não precisa registra B.O, o boletim de ocorrência", afirmou testemunha, em anonimato.
Os familiares da vítima também pedem justiça nas redes sociais.
"Eu ainda estou em choque com tudo isso, minha irmã. Meu luto é diário, minha dor é imensa porque queria ter te ajudado. Me sinto tão incapaz, dói tanto. A crueldade... Queria que fosse só um sonho ruim e que você voltasse para mim. Eu preciso de justiça. Isso não pode acontecer e todo mundo achar normal. Você foi cruelmente impedida de viver", afirma Tamires Costas, irmã de Thallita.
BRASIL É PAÍS QUE MAIS MATA PESSOAS TRANS
Em 2022, 131 pessoas trans e travestis foram assassinadas no Brasil. O número faz parte do "Dossiê Assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras", da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais).
O Brasil é o país com mais mortes de pessoas trans e travestis no mundo pelo 14º ano consecutivo. México e Estados Unidos aparecem em segundo e terceiro lugares, respectivamente.
O dossiê, divulgado em janeiro deste ano e entregue ao ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, indica que mulheres trans e travestis têm até 38 vezes mais chance de serem assassinadas em relação aos homens trans e às pessoas não-binárias.
Das 131 mortes em 2022, 130 referem-se a mulheres trans e travestis e uma a homem trans.
A pessoa mais jovem assassinada tinha apenas 15 anos.
Quase 90% das vítimas tinham de 15 a 40 anos.
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