RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O estado de Heloisa dos Santos Silva, 3, passou de grave para gravíssimo, segundo boletim médico divulgado nesta segunda-feira (11). A menina foi internada após ter sido baleada na nuca e no ombro durante uma ação da PRF (Polícia Rodoviária Federal) o Arco Metropolitano, na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro.

Heloisa foi atingida na noite de quinta-feira (7) quando o carro em que estava com a família acabou alvejado por agentes da PRF. Ela foi levada ao Hospital Municipal Adão Pereira Nunes, em Caxias, onde passou por uma cirurgia. Desde então, está em coma induzido e respira com a ajuda de aparelhos.

A menina estava no carro junto com seus pais, uma irmã de oito anos e uma tia. De acordo com relatos dos parentes e de testemunhas, uma viatura da PRF passou a seguir o veículo em que a menina estava. Os agentes abriram fogo após o pai da criança, William Silva, dar sinal de parada.

O carro, que foi levado para a perícia, foi acertado por ao menos três disparos.

Segundo a equipe médica que atende a menina, Heloisa foi atingida por dois tiros -um deles no ombro e outro na nuca, que se fragmentou.

Ela precisou passar por uma cirurgia para diminuir a pressão intracraniana. Os médicos conseguiram remover parte dos fragmentos do tiro que atingiu a nuca, lesionando sua cabeça e cervical. Já a bala que ficou alojada no ombro não apresenta risco à saúde de Heloisa. O procedimento para sua retirada seria muito invasivo para um corpo que precisa poupar esforços, de acordo com a avaliação médica.

Heloisa precisa ficar em repouso absoluto para que tenha forças para reagir ao trauma que sofreu. Ela está na UTI do hospital e sob vigilância neurológica intensiva. Os próximos passos do tratamento dependem de como ela reage a cada dia.

O caso é investigado pela Corregedoria-Geral da PRF, pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal. O procurador à frente das investigações, Eduardo Benones, vai pedir para que a PF faça a perícia em todas as armas usadas pelos policiais envolvidos no incidente.

Três agentes da PRF foram afastados de suas funções. Entre eles está o policial Fabiano Menacho Ferreira, que admitiu ter atirado contra o carro em que estava a menina.

A reportagem ainda não conseguiu localizar a defesa do policial.

Além da conduta dos policiais, o Ministério Público Federal investiga por que um agente da PRF entrou à paisana dentro da UTI onde Heloisa está internada.

A PRF já identificou o policial, mas ainda não enviou o ofício com a identificação do agente ao Ministério Público Federal. Até o momento, a Procuradoria sabe apenas o primeiro nome dele.

O policial entrou na UTI sem se identificar nem pedir autorização da segurança do hospital e da equipe médica. Ele apenas disse que o motivo para estar lá era "assunto policial". O agente chegou a conversar com o pai de Heloisa. Ao MPF, Silva disse que foi uma conversa normal e não estranhou.

A Procuradoria vai investigar o que exatamente o agente foi fazer na unidade médica, principalmente na ala em que está Heloisa. De acordo com o MPF, a depender do que apontar a investigação, o policial pode ser denunciado à Justiça Federal por abuso de autoridade.

"Podemos dizer que o que ele fez foi uma espécie de carteirada. Não vejo nenhuma razão para ele entrar na UTI sem se identificar. Se ele tem alguma explicação para fazer isso, que ele nos dê", diz Benones.


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