SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Menos de uma semana após o anúncio de seu encerramento, a Polícia Militar informou que uma nova fase da Operação Escudo foi implantada desde a última sexta-feira (8) na Baixada Santista, no litoral do São Paulo.
A informação foi publicada na conta oficial da PM paulista na rede X (antigo Twitter) no início da noite desta segunda-feira (11).
Após o retorno da operação, um suspeito morreu em confronto com a polícia a madrugada desta segunda, segundo o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite. Ele afirmou, também na rede X, que a morte ocorreu na comunidade Pedreira, em Guarujá.
"Criminosos atiraram contra policiais militares na Comunidade da Pedreira, Guarujá", escreveu Derrite. "Os policiais saíram ilesos. Um dos criminosos que optou pelo confronto morreu no local. Continuamos na Baixada Santista no enfrentamento ao avanço da criminalidade."
Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública), um homem de 25 anos foi morto pela PM na avenida Assis Chateaubriand, no Jardim Virgínia ?bairro onde está a comunidade Pedreira. A secretaria diz que policiais estavam no local para apurar uma denúncia de que havia uma pessoa armada na região.
A secretaria diz que os PMs encontraram cinco homens ao chegarem ali, que fugiram quando viram a polícia. Dois suspeitos teriam atirado contra a equipe policial durante a fuga. Um deles foi baleado, e os outros conseguiram fugir, diz a SSP.
"Foram apreendidos 91 porções de entorpecentes e um rádio comunicador. Foi solicitada perícia ao local e às armas dos militares e do criminoso", diz a nota da secretaria.
Além disso, um homem de 23 anos foi morto pela PM em São Vicente no domingo (10). A SSP afirmou que policiais faziam patrulhamento pelo Dique do Caxeta, que fica no bairro Jóquei Clube, quando viram o suspeito com uma arma. "Ele não obedeceu à ordem de parada e fugiu", disse a secretaria em nota.
Uma perseguição teve início em seguida e o homem subiu nos telhados de várias residências. Foi acionado reforço policial, com apoio do helicóptero Águia. O suspeito teria sido localizado dentro de uma casa e apontado a arma na direção dos PMs, que atiraram, ainda segundo a secretaria.
"Ele foi ferido e socorrido ao CREI [hospital municipal de São Vicente], onde foi constatada a morte. Com ele foi apreendido um revólver calibre 38. Foi solicitada perícia ao local e às armas envolvidas", informou a pasta.
BAIXADA TEVE SÉRIE DE ATAQUES DURANTE FERIADO
No feriado prolongado, as cidades da Baixada tiveram uma série de ataques. Policiais militares foram baleados em três ocasiões em São Vicente e Santos, entre sexta-feira e sábado (9). Duas pessoas morreram -entre elas, um sargento aposentado da PM- e cinco ficaram feridas nos ataques. Dois policiais, baleados, estão internados.
Depois, no domingo (10), a cidade de São Vicente registrou uma sequência ataques a tiros. Foram sete vítimas, conforme dados da Secretaria da Segurança Pública e da gestão municipal. Esses casos envolvem suspeitos que estavam em motos e atiraram contra pessoas na rua, em ao menos três ataques. Um dos feridos morreu.
"Desde sexta-feira [8] realizamos uma nova Edição da Operação Escudo como pronta resposta aos ataques sofridos aos Policiais Militares na Baixada Santista. A ação visa a identificação dos criminosos envolvidos, bem como enfrentamento ao crime organizado de forma implacável", escreveu a PM paulista.
Derrite disse nas redes sociais, também no domingo (10), que a Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar) estava com patrulhamento reforçado na Baixada Santista, mas sem dizer que se tratava uma nova etapa da Operação Escudo.
Junto ao texto, ele publicou uma foto de quatro viaturas do grupo de elite da PM em uma rodovia.
"A Rota está com patrulhamento reforçado na Baixada Santista, assim como as demais viaturas da Operação Impacto, equipes de inteligência, Polícia Civil e setor PM Vítima para identificação, qualificação e detenção dos indivíduos que praticaram os atentados contra os policiais", escreveu Derrite.
Procurada, a SSP, do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirma que a Operação Escudo é realizada desde janeiro em ocorrências em que policiais são hostilizados, a exemplo dos casos ocorridos em São Vicente, desde a última sexta-feira. "As novas ações terão como objetivo a prisão dos criminosos envolvidos nestes casos, e é uma ação distinta da última, a qual já foi encerrada no último dia 5."
A fase da Escudo iniciada em julho, com a atuação de mais de 600 policiais, deixou ao menos 28 suspeitos mortos na Baixada Santista. A ação foi desencadeada após a morte do soldado Patrick Bastos Reis, 30, da Rota, em julho. Três suspeitos foram indiciados pelo homicídio do soldado.
Em Guarujá e Santos, moradores alegaram que pessoas inocentes ou desarmadas foram executadas, e que narraram invasões de casas por policiais mascarados e casos com indícios de tortura. Esses casos envolvem situações em que vizinhos ouviram gritos de socorro ao longo de vários minutos, e corpos que, segundo familiares, tinham marcas de queimadura por cigarros, cortes, hematomas e, em um deles, com unhas arrancadas.
Além disso, testemunhas já relataram a morte de um morador de rua conhecido por moradores da Vila Baiana -William Santos de Oliveira, morto às 17h25 do dia 30 de agosto-, e outro foi enterrado como indigente. O ouvidor das polícias de São Paulo, Cláudio Aparecido da Silva, também relatou o caso de um usuário de drogas, que costumava perambular na rodoviária do Tietê e em Guarulhos, e apareceu morto no litoral.
Quando questionada sobre esses casos, a SSP tem afirmado que não há evidências de tortura nos laudos cadavéricos. O governo Tarcísio também tem afirmado que "as denúncias podem ser formalizadas em qualquer unidade da Polícia Militar, inclusive pela Corregedoria da Instituição. Desvios de conduta não são tolerados e são rigorosamente apurados mediante procedimento próprio".
Ao todo, oito policiais militares foram mortos na Baixada Santista neste ano. Segundo a SSP, outros 12 policiais já foram feridos na região neste ano: oito deles em serviço, três em folga e um inativo.
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