RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Um adolescente foi morto a tiros na madrugada de domingo (17) em Cordovil, zona norte do Rio de Janeiro, momentos antes de sair de casa para ajudar o pai na feira. Wesley Barbosa de Carvalho, 17, foi baleado na porta de casa.

O caso foi registrado na 38ª DP (Brás de Pina) e depois repassado à Delegacia de Homicídios.

A Polícia Civil afirma que agentes estão coletando informações para identificar a autoria do crime. Já a Polícia Militar diz que só foi comunicada do caso depois que a vítima chegou ao hospital e que não havia ação da PM na região.

Na manhã de domingo, um ônibus intermunicipal foi incendiado em uma das ruas de Cordovil. Segundo a PM, a ação foi um protesto de moradores da região pela morte de Wesley.

O crime aconteceu perto da Cidade Alta, comunidade dominada pelo TCP (Terceiro Comando Puro). A poucos quilômetros dali está o complexo da Penha, principal comunidade do CV (Comando Vermelho). Há ainda bairros ao redor dominados pela milícia, de acordo com investigações.

Bruno de Carvalho Vale, pai de Wesley, reforma e revende fogões. Ele conta que carregava a van com equipamentos que seriam vendidos na feira de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, quando foi abordado por um motociclista que passava pela rua onde ele mora com a família.

"Um rapaz de moto passou e disse: 'perdeu'. Eu levantei a mão achando que era um assalto, aí ele fez os disparos. Eu ainda consegui correr", disse o pai em entrevista a jornalistas no IML (Instituto Médico Legal), no centro do Rio.

Wesley teria saído de casa ao ouvir os disparos, e então foi baleado. O pai da vítima diz acreditar que eles podem ter sido confundidos com criminosos. O adolescente ajudaria o pai na feira.

"O Wesley estava dormindo e acordou com os tiros. Ele foi atrás de mim pensando que eu tinha tomado tiro. Foi quando ele se deparou com mais alguns homens, que atingiram ele. Pelo horário, podem nos ter confundido com bandidos. Mas a redondeza toda conhece nossa família e sabe que somos trabalhadores. Cordovil inteiro nos conhece", disse Carvalho.

Wesley foi socorrido por um irmão e chegou a ser levado na van da família para o hospital estadual Getúlio Vargas, na Penha, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

Bruna Barbosa, mãe do adolescente, disse que tentava evitar que o filho ficasse muito tempo na rua devido aos riscos das disputas entre facções rivais.

"Ele trabalhava muito, não ficava muito na rua. A gente mora numa área de uma facção e tem outra logo do lado. Por isso nunca deixamos Wesley ficar muito na rua", disse a mãe.


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