SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Acusado de racismo, o advogado Camilo Cristófaro, 62, (Avante) se tornou o quarto vereador de São Paulo cassado desde a redemocratização do país. A lista não considera políticos que perderam o mandato por decisões eleitorais, como infidelidade partidária.

Com a decisão do Plenário nesta terça-feira (19), ele perde o mandato por quebra de decoro parlamentar e ficará inelegível pelos próximos oito anos.

Antes dele, Vicente Viscome e Hanna Garib tiveram os mandatos cassados em 1999 em decorrência do escândalo da Máfia dos Fiscais, na gestão do prefeito Celso Pitta (1997-2000). Entre os delitos, estavam o de extorsão a vendedores ambulantes e esquema de pagamentos para liberação de alvarás.

No mesmo ano, Maeli Vergniano perdeu o mandato pelo uso indevido de um carro cedido por uma empreiteira que realizava coleta de lixo na cidade.

Viscome foi quem puxou a fila e chegou a ser preso por quase sete anos. Ele perdeu o mandato acusado de "utilização do mandato de vereador para obtenção de vantagens financeiras indevidas", conforme a CPI da Máfia, e morreu em novembro de 2021.

Já Garib foi cassado, em junho de 1999, pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), mas em decorrência da sua atuação enquanto vereador. Ele foi apontado como um dos líderes na arrecadação de propina dos comerciantes na região da Sé, entre 1993 e 1999.

Cristófaro, portanto, entra para história como o primeiro a perder o mandato por racismo. Em maio de 2022, o vereador foi flagrado em uma sessão de CPI na Câmara Municipal dizendo "não lavaram a calçada, é coisa de preto".

Ele entrou para Câmara, em 2016, com discurso contra "a indústria da multa". Ele ficou conhecido ao fazer vídeos, publicados na internet, com situações em que fiscais do trânsito multam motoristas em São Paulo. Em 1993, aliás, ele foi nomeado por Paulo Maluf para a superintendência da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).

Neste primeiro mandato, o vereador do Avante já havia sido cassado após a Câmara cumprir uma decisão da Justiça Eleitoral. De acordo com o Ministério Público Eleitoral, ele teria utilizado recursos de origem ilícita na campanha. Cristófaro, no entanto, obteve uma decisão favorável no STF (Supremo Tribunal Federal) e voltou à Casa.

Logo na primeira sessão, ele se referiu ao vereador Thammy Miranda (PL) no feminino. "Cumprimentar a Thammy, quem vi nascer, filha da Maria Odete."

Chamado de Camilinho por colegas na Casa, ele colecionou desafetos nos dois mandatos, o que de fato inflamou ainda mais os vereadores nesse processo de cassação.

No ano passado, Cristófaro se envolveu em discussões com Adilson Amadeu (União Brasil) no grupo de WhatsApp com demais legisladores.

Em 2019, chamou o vereador Fernando Holiday (Novo) de macaco de auditório. No ano anterior, puxou os olhos se referindo ao vereador George Hato (MDB), que tem ascendência japonesa.

Ele ainda foi acusado pela auxiliar de enfermagem Dilza Maria Pereira da Silva por injúria racial. O caso tramita na Justiça.

Em março de 2022, ele também teria xingado uma mulher de vagabunda durante visita do prefeito Ricardo Nunes (MDB) no bairro Parque Bristol, conforme boletim de ocorrência. "Isso é mentira, você tem vídeo que mostra [a confusão]?", disse o vereador à reportagem, à época, antes de desligar o telefone.

Antes de assumir a cadeira de vereador, Cristófaro fez parte nas administrações dos prefeitos Jânio Quadros, como oficial de gabinete, Pitta (presidente da CET durante um mês) e Marta Suplicy (diretor da Prodam, Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Município de São Paulo).

Tornou-se chefe de gabinete da presidência da Câmara nas gestões de Antonio Carlos Rodrigues (PR), de 2007 a 2010, e de José Américo (PT), em 2013-14.


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