SANTOS, SP (FOLHAPRESS) - A nutricionista Regiane Isquierdo, 42, e o marido Alexandre Luis Isquierdo, 48, têm uma estratégia traçada para retornar a São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, após o fim de semana na praia.
Proprietários de um imóvel na praia do Itararé, em São Vicente, no litoral paulista, eles tentam driblar o temido trânsito da volta. Para isso, sairão à meia-noite, já na madrugada de segunda-feira (25), mesmo precisando trabalhar logo cedo.
Segundo a concessionária Ecovias, são esperados de 120 mil a 185 mil veículos rumo ao litoral até as 23h59 de domingo (24).
"Este é o terceiro fim de semana consecutivo que estamos aqui. Ontem [sexta], demoramos o dobro do tempo: um trajeto de 50 minutos que durou mais de duas horas. Por isso, pensamos nessa alternativa agora", disse Regiane à reportagem.
Acompanhados da filha de nove anos, Regiane e Alexandre são só uma das muitas famílias que desceram a serra para aproveitar a onda de calor nas praias do litoral norte e sul de São Paulo.
A cuidadora Solange Mingareli, 43, conta ter ficado quase cinco horas na estrada acompanhada do marido, o motorista Muller Mingarelli, 36, e mais alguns amigos. Deixou a capital na sexta (22), às 17 horas, e só chegou em São Vicente depois das 21h30.
As idas para o litoral, por sinal, tornaram-se recorrentes desde que uma amiga do casal tem alugado para eles um apartamento.
"Virou o nosso refúgio, agora. A nossa semana é muito corrida e, como temos essa possibilidade, não abrimos mais mão de descer", disse o motorista, que antecipará a volta para às 13h deste domingo, tentando escapar do trânsito.
Em Santos, na praia do José Menino, uma das mais populosas do município, um grupo maior chamava atenção.
Eles armaram uma tenda para abrigar as dez pessoas que aproveitaram o fim de semana ensolarado. Dividiram espaço abrigados pela sombra, na faixa de areia, e também em um único apartamento, de dois quartos.
"Uma parte saiu de Arujá e a outra do Itaim, viemos em dois carros e uma moto. Um amigo nosso veio mais tarde, brincamos que foi premiado com quase cinco horas no trânsito. É difícil, é apertado, mas vale muito a pena", explica o motorista Resibério Santos, 32.
"Quase nada a reclamar. Só achamos um pouco salgadas as porções", completa.
A porção a qual se referiu, de peixe frito, custava R$ 150 em um dos carrinhos dispostos na orla santista. Um pastel, em média, atinge R$ 15. Vendedores ambulantes tentavam seduzir turistas com queijo coalho, milho, camarão frito, picolés, bijuterias, roupas, óculos.
"Temos que aproveitar, estava muito parado nas últimas semanas", disse um deles, que ainda assegurou não ter reajustado preços para o fim de semana.
A empresária Rafaela Pimpinato, 26, chegou a Santos acompanhada do namorado e de mais dois amigos. Eles pagaram R$ 450 em uma diária pelo Airbnb, mas não têm ficado restritos somente às praias do município.
Há duas semanas, visitaram Mongaguá. Meses antes estavam nas praias de Guarujá.
"Hoje vamos assistir a uma partida de futebol do XV de Piracicaba com a Portuguesa Santista, às 15h. Viemos mais cedo para pegar a praia", conta Rafaela.
O aposentado José Roberto Sales, 64, tornou frequente as idas ao litoral para visitar o filho, mas principalmente também para ir à praia com a família.
Ele já pensa em deixar a capital para fixar residência na região: "Aqui [na praia do Itararé] tem se transformado muito, investiram em estrutura e temos visto bastante policiamento agora. Penso em mudar pela qualidade de vida."
Na última sexta, foi inaugurado no calçadão que dá acesso a praia do Itararé o Parque da Juventude. O local conta com uma pista de skate, quadra de basquete e playground para crianças.
A obra foi executada pela administração municipal, com custo de R$ 327 mil.
Há, porém, reclamações recorrentes de excesso de lixo e até fezes de animais que andam soltos pela faixa arenosa. "Fomos andar e vimos muito lixo jogado, até fezes de cachorro em alguns trechos. É preciso bom senso de quem vem", reclamou Alexandre Luis Isquierdo.
No início da tarde deste sábado (23), o sistema Anchieta-Imigrantes acumulava quase 30 quilômetros de congestionamento.
Só a Imigrantes (SP-160) tinha 21 quilômetros de congestionamento no sentido do litoral, de acordo com a concessionária Ecovias.
Segundo a concessionária, pouco mais de 155 mil veículos já haviam passado pela rodovia na última hora.
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